SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - É bem verdade que o badalado australiano Oscar Piastri não está tendo o começo de carreira que gostaria na Fórmula 1. Ainda mais depois da disputa em que acabou se envolvendo, quando McLaren e Alpine foram à corte que julga contratos na F1 para decidir quem ficaria com seus serviços. Mas mesmo com o time inglês estando longe do desempenho que esperava, o piloto de 21 anos já começa a demonstrar por que despertou tanto interesse.

Nos primeiros treinos livres para sua estreia em Melbourne, Piastri, que assim como os brasileiros saiu do país quando ainda estava no kart, aproveitou para andar bastante quando começou a chover na segunda sessão. Ele foi 12º no primeiro treino e 14º no segundo, sendo o piloto que mais andou no dia.

Foi uma sexta-feira bem diferente de sua primeira experiência em Melbourne na F1, quando era adolescente e foi selecionado para acompanhar Daniil Kvyat no grid em 2015. O russo teve um problema técnico e sequer alinhou.

Agora como piloto, Piastri está com a confiança em alta depois de um final de semana muito forte na pista traiçoeira da Arábia Saudita. Enquanto o companheiro Lando Norris errou na classificação, Piastri levou a McLaren ao Q3. No domingo, um toque com Pierre Gasly o jogou para o fim do pelotão. Andando junto com Norris, obedeceu ordens de equipe para deixar o companheiro passar e tentar abrir caminho no pelotão. Ele não conseguiu, então Piastri o passou de volta e superou Logan Sergeant na última volta.

A manobra não valeu nenhum ponto, mas impressionou por um detalhe: Piastri tinha feito quase toda a corrida com o mesmo jogo de pneus, depois de ter feito o pitstop na primeira volta.

Não que isso chegue a surpreender, já que Piastri é daqueles pilotos com carreira meteórica na base, como George Russell e Charles Leclerc. Foi ganhando F3, F2 logo de cara e só não estreou pela Alpine ano passado porque os franceses tinham dois pilotos sob contrato. A McLaren aproveitou a frustração do piloto com a indefinição na Alpine para lhe oferecer um contrato e ficou com os serviços do australiano. Tal frustração ainda está lá. Depois da classificação em Jeddah, Piastri sorriu ao comentar que tinha superado uma das Alpine "e é uma sensação boa." Perguntado se era um sentimento de vingança, ele apenas sorriu, algo não muito comum para um piloto bem mais sério que seu compatriota Daniel Ricciardo.

Agora, resta à McLaren dar a ele um carro mais competitivo. A McLaren começou o ano atrasada em termos de desenvolvimento, e viu não só as rivais diretas Alpine e principalmente Aston Martin crescerem, como também acabou se vendo em uma disputa apertada pelas últimas posições do grid. Detalhes têm feito com que uma hora o carro esteja no Q3, outra hora esteja fechando o pelotão, já que essa segunda metade do grid começou o ano muito igualada.

Piastri comentou como a Aston Martin, que conquistou dois pódios em duas corridas, acaba sendo uma inspiração para o time, que vai colocar o primeiro pacote de mudanças no carro na próxima etapa, no Azerbaijão, mesmo que a corrida seja uma sprint e o tempo para tirar o máximo das mudanças seja limitado. "Veremos o que o pacote de Baku vai trazer, mas obviamente será apenas um passo em um plano de vários passos para nós neste ano."

Para o chefe, Andrea Stella, está claro o que é preciso entregar para manter Piastri a bordo. "Ele é igual o Schumacher, tem o traço dos campeões. Ele pensa na distância entre o presente e o futuro e busca as soluções. Pensa 'o que eu posso fazer agora para atingir coisas maiores no futuro'. Ele é um piloto que tem muita sensibilidade com o carro, e isso é muito útil para nós. Ao mesmo tempo, ele é muito focado na sua própria jornada. Estamos vendo Oscar melhorar a cada sessão, o que é uma conquista e tanto. Cabe a nós dar essas respostas para ele estar motivado para fazer parte dessa jornada conosco."


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