SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A final do Campeonato Paulista apresenta discrepâncias de tradição, títulos, tamanho de torcidas e também na questão financeira. Duas vezes vencedor da Copa Libertadores nos últimos três anos, o Palmeiras tem folha de pagamento cerca de R$ 17,2 milhões superior à do seu adversário na decisão estadual.

O primeiro confronto será neste domingo, às 16h, na Arena Barueri. Record, Premiere, YouTube (Paulistão) e HBO Max vão transmiti-lo.

Pela primeira vez perto ser campeão na elite, o Água Santa, que era um time de várzea de Diadema até 2011, gasta cerca de R$ 800 mil por mês com o elenco. O Palmeiras investe R$ 18 milhões.

Dudu, o maior salário do elenco alviverde, recebe cerca de R$ 2 milhões, o que seria suficiente para manter o time profissional do Água Santa por dois meses e meio.

Esse abismo orçamentário e de expectativas é o que faz o técnico Thiago Carpini, do clube do ABC, pedir "leveza" aos seus jogadores. Antes de iniciar o torneio estadual, a agremiação era citada como uma das possíveis rebaixadas. Conseguiu a primeira vitória apenas na quinta rodada da fase de grupos, depois de perder os dois primeiros jogos.

"Quando a gente fala de leveza, é sobre tudo o que foi conquistado. Isso foi um ponto de que tratamos durante a preparação. Estamos na final, então nos permitimos sonhar um pouco mais. Temos responsabilidade com nós mesmos, de competir de forma digna e dar o nosso melhor", disse o treinador.

O Água Santa utiliza estratégia que ficou conhecida no Bangu nos anos 1980, principalmente quando o patrono era o bicheiro Castor de Andrade. Pagar salários modestos, mas compensar nos bichos. Apenas na fase de grupos, a diretoria distribuiu cerca de R$ 900 mil por resultados positivos conquistados. As classificações nas quartas de final e nas semifinais (contra São Paulo e Red Bull Bragantino, respectivamente) renderam cerca de R$ 400 mil em premiações.

Não foi falado o valor a ser rateado pelos atletas em caso de título.

Apesar dos troféus recentes e do elenco caro, o Palmeiras convive com a pressão da torcida por reforços. A presidente Leila Pereira já foi alvo de protestos de organizadas.

Além de Dudu, o clube tem mais dois jogadores com salários superiores a R$ 1 milhão: o zagueiro paraguaio Gustavo Gómez e o meia Raphael Veiga.

Dos principais salários do grupo palmeirense, cada um do trio Weverton, Atuesta e Rony (R$ 600 mil) quase seria capaz de manter o elenco do adversário na final do Paulista. A questão financeira não é a única, mas é uma das que fazem a agremiação ser favorita ao terceiro título estadual nos últimos quatro anos. É a quarta final seguida de Paulista.

"Se eu disser que temos 70% de chances de ganhar e eles, 30%, eles ainda têm 30%. Há valências que você tem que não precisam de talento, como correr mais do que o adversário. Se igualarmos a vontade deles, acredito que esses 70% estarão a nosso favor", afirma o técnico Abel Ferreira.

A discrepância financeira não é inédita na decisão do torneio e costuma ser vista todas as vezes em que a final não é formada por um clássico entre Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.

Quando o Santos decidiu o troféu contra o Audax em 2016, os gastos do clube da Baixada com o elenco eram 15 vezes superiores ao do rival de Osasco, que, assim como o Água Santa, chegava pela primeira vez à decisão.

Em 1986, o Palmeiras tentou quebrar seu então jejum de dez anos, diante da Internacional de Limeira. A diferença financeira entre os dois times era tão considerável que os jogadores do time do interior, após terem vencido de forma inesperada, pararam no meio da estrada para comer coxinha. Não havia nenhuma festa programada na chegada à cidade.


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