MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Ederson entra em campo neste sábado (10) com uma nova chance de ser campeão da Champions League, o maior objetivo do Manchester City desde que foi comprado pelo Abu Dhabi United Group, em 2009.

Há dois anos, o time também era o grande favorito, mas foi derrotado por 1 a 0 pelo Chelsea, em Portugal. O favoritismo é repetido nesta final contra a Inter de Milão, na Turquia.

Campeão do Campeonato Inglês e da Copa da Inglaterra, o City pode ter a temporada perfeita. O jogo também é um estigma para o técnico Pep Guardiola, que venceu duas edições da Champions League como técnico do Barcelona, mas teve insucessos no Bayern de Munique e também no City.

Presente em todos os títulos de Guardiola no clube, Ederson se tornou rapidamente homem de confiança do chefe, ficando com a vaga que era de Claudio Bravo. Ele estreou em 2017 e desde então é a escolha principal, embora Ortega tenha enfrentado o United na final da Copa da Inglaterra.

O que explica esse sucesso de Ederson, segundo o preparador de goleiros do Benfica, Paulo Marques, é o perfil psicológico e o talento com a bola nos pés, o que o credencia como um dos melhores do mundo na posição. Mas nem sempre foi assim. No Benfica, houve dificuldades.

"Era um contexto [em que ele era] jovem. As capacidades e características já existiam. No entanto, ainda não reunia algumas características psicológicas que vieram a fazer toda a diferença: ter uma mentalidade diferente, uma maturidade diferente. Ele era pouco proativo, pouco vivo no treino, precisava sentir uma motivação extrínseca. Tinha um pouco de sono, como se costuma dizer", disse à Folha de S.Paulo, sobre a primeira passagem do goleiro pelo clube português, ainda na base.

Ederson voltaria ao Benfica já formado, após ter jogado no Ribeirão e no Rio Ave, também em Portugal. Moldou-se nas duas experiências. Na segunda, trabalhava junto a Jan Oblak, hoje no Atlético de Madrid.

"Quando ele voltou para o Benfica, já tinha uma mentalidade diferente, uma mentalidade forte, profissional, de superação e de sempre querer ser o melhor. Ele é muito bom de ver o jogo da frente para trás, pois tem a capacidade de colocar a bola para 70 ou 80 metros com precisão. Sinto que cresceu muito na questão da decisão, consegue decidir muito bem os momentos que pode jogar a bola mais longe ou mais perto", observou Marques.

No Rio Ave, a disputa com Oblak era saudável, e os dois traçaram caminhos semelhantes. Ambos foram ao Benfica e, em seguida, obtiveram sucesso em clubes de maior expressão na Europa.

"Ederson sempre foi muito tranquilo, na dele, um pouco calado, mas muito gente boa. Moramos juntos por um tempo. Quando o Ederson chegou, ele era novinho, e tínhamos o Oblak, muito bom e muito seguro. Só que olhávamos para o banco e víamos o Ederson, com um jogo de pés, mas era muito novo. Ele já era muito frio. Ele colocava a bola onde queria", afirmou o zagueiro Marcelo Ferreira, seu velho companheiro.

Segundo ele, aquele time já se baseava no Barcelona de Guardiola, sempre tentando ter a bola nos pés e encontrar espaços por meio do toque de bola. Ter um goleiro com bons passes significava ter um jogador a mais para essa construção, com vantagem numérica em relação aos adversários.

"Num jogo contra o Braga, olhamos para cima e vimos que o estádio era muito alto. Ficamos falando que conseguiríamos chutar a bola por cima lá da Pedreira [estádio do Braga], mas só o Ederson conseguiu. Bateu para cima e passou os arcos fácil [risos], e todo o mundo ficou espantado. Ele tem uma força muito grande naquela perna esquerda, de jogar de uma área a outra com facilidade", disse Marcelo.

"Em Vila do Conde, onde fica o Rio Ave, tem muito vento. Então, quando o Ederson estava a favor do vento, ele tinha que controlar a força porque a bola poderia passar por cima do outro gol e às vezes atravessava de um lado a outro do campo."

Ederson chegou ao Benfica após uma passagem pelo São Paulo, em que foi dispensado. Até hoje no clube do Morumbi, o treinador Toninho Rodrigues contou que se impressionou com o arqueiro quando ainda era muito novo, em Osasco.

"Eu me lembro como se fosse hoje de quando o vi jogar na escola do Gilberto [Lopes] e do Ozias [Matos] e já o convidei para ir no São Paulo na terça-feira seguinte. Da viagem que fizemos para o Japão, ele com 13 anos. Fiquei triste com a dispensa dele do São Paulo, mas feliz por tê-lo indicado aro Benfica e por tudo o que tem acontecido na vida dele."

"Com os pés, ele é o melhor", declarou Pep em 2021. "A qualidade do passe, eu diria, é a melhor. O Manuel (Neuer) e o Victor (Valdés) também foram incríveis, mas a qualidade do passe [de Ederson] é a melhor. Eu não diria quem é o melhor [no geral], porque tive sucesso com goleiros incríveis em Victor, Manuel e Eddie [Ederson]."

Valdés venceu duas Champions com Guardiola e uma sem ele. Neuer conquistou o título também duas vezes, mas não sob o comando de Pep.

A Ederson, falta um jogo para a maior glória da carreira.


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