SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao quebrar o recorde mundial da maratona feminina em Berlim no último dia 24 de setembro, a etíope Tigst Assefa, 26, jogou os holofotes sobre os novos tênis de corrida da patrocinadora Adidas.
O calçado ultraleve da marca alemã, o "Adizero Adios Pro Evo 1", tem um peso de apenas 138 gramas --o mais leve da categoria já lançado no mercado segundo a empresa, que tem vendido o produto como um quebrador de recordes.
"O calçado foi projetado para ajudar os corredores a irem ainda mais rápido no dia da corrida", afirmou Patrick Nava, vice-presidente de produtos da Adidas.
Saiba escolher o tênis de corrida adequado para você As principais marcas esportivas globais têm travado uma disputa acirrada no mercado dos "supertênis" de corrida ao longo dos últimos anos, com uma série de lançamentos cada vez confortáveis e eficientes de modelos revestidos por espumas que absorvem o impacto da pisada dos corredores.
A empresa alemã lançou apenas 521 pares dos tênis em setembro, com uma segunda leva planejada para novembro. O produto, projetado para ser utilizado em uma única maratona, deve estar disponível no mercado brasileiro a partir de outubro.
O par do novo modelo chama a atenção pelo preço alto, que chega a R$ 3.999,99 no site oficial da marca, bem acima dos concorrentes --o similar "Alphafly 2", da Nike, sai por cerca de R$ 2.500.
Uma camada alta de espuma especial Lightstrike Foam Pro na entressola promete mais retorno energético a cada passada do corredor, somada à inclinação, maior no calcanhar que na frente, e a ponta do pé elevada para favorecer o movimento. Na sola, uma finíssima camada de borracha, que apesar de lisa fornece a tração necessária mesmo na chuva, segundo afirmou Charlote Heidmann, gerente sênior de produto da Adidas, à publicação especializada Runner's World.
O modelo da Nike, por sua vez, tem uma placa de fibra de carbono que "fornece uma espécie de sensação de avanço que faz você querer dar o próximo passo", de acordo com o site da empresa. O calçado tem também o calcanhar mais largo, para melhorar a estabilidade em curvas.
O CEO da Adidas, Bjorn Gulden, publicou uma foto no Instagram com Tigst e o tênis após a prova em Berlim. "Estamos tão orgulhosos de você. Novo recorde mundial. Inacreditável. Obrigado!", escreveu o executivo.
"A sensação de correr com o tênis é incrível, como nada que já senti antes. Eles me permitem focar totalmente na corrida, que é exatamente o que você deseja como atleta", declarou Tigst, que pulverizou o recorde mundial feminino da maratona em Berlim no fim de setembro ao cravar o tempo de 2 horas, 11 minutos e 53 segundos.
A jovem fundista africana, que já havia vencido a mesma prova no ano passado, superou em mais de dois minutos o recorde mundial anterior, que pertencia à queniana Brigid Kosgei, que percorreu em 2019 os 42,195 km da maratona de Chicago em 2 horas, 14 minutos e 4 segundos.
Com a vitória, Tigst se tornou a primeira mulher a correr uma maratona abaixo do tempo de 2 horas e 12 minutos. "Eu sabia que queria ir em busca do recorde mundial, mas nunca pensei que faria esse tempo", disse a corredora à Reuters.
A vitória e a quebra do recorde mundial chamam ainda mais atenção ao considerar o curto histórico da corredora etíope em provas de maratona.
Ela começou no atletismo disputando os 800 metros e chegou a correr a prova nas Olimpíadas do Rio em 2016, mas não alcançou as finais.
Em 2018, passou a correr as provas de dez quilômetros, evoluindo depois para a meia-maratona.
Ela passou a competir em maratonas somente em março do ano passado. A estreia foi na corrida de Riad, na Arábia Saudita, quando completou a prova em 2 horas, 34 minutos e 1 segundo.
Em 18 meses, portanto, ela melhorou seu tempo em cerca de 22 minutos. A vitória em Berlim representou apenas a terceira maratona concluída pela etíope.
Com um trajeto plano e rápido pelas ruas da capital alemã, a maratona de Berlim é conhecida por ser palco de quebras de recorde na prova de atletismo.
No masculino, o queniano Eliud Kipchoge, 38, é o atual recordista mundial da maratona com o tempo de 2 horas, 1 minuto e 9 segundos, estabelecido em Berlim em 2022.
Na edição deste ano, o bicampeão olímpico Kipchoge venceu novamente, com o tempo de 2 horas, 2 minutos e 42 segundos, e se sagrou o primeiro pentacampeão da prova, ultrapassando o etíope Haile Gebrselassie, que é tetracampeão em Berlim.
Com a marca alcançada no domingo, Tigst se credencia para a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024, embora sua participação na competição ainda dependa da convocação dos atletas etíopes pelo comitê olímpico do país africano.
Apesar de ainda não estar oficialmente confirmada, a atleta, que treina na capital etíope Adis Abeba, a 2.300 metros de altitude, é uma das favoritas para a medalha de ouro olímpica em Paris.
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