Em má fase, ginástica masculina do Brasil se distancia de vaga olímpica

O circuito das Copas do Mundo classifica dois ginastas por aparelho, considerando os três melhores resultados de cada um.

Por DEMÉTRIO VECCHIOLI

Em má fase, ginástica masculina do Brasil se distancia de vaga olímpica

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Brasil corre sério risco de não ter um terceiro ginasta nos Jogos Olímpicos de Paris e ir à França com somente dois atletas na ginástica artística masculina. Metade da Copa do Mundo já passou, e Arthur Nory é o único com chances reais.

Essas chances passam, porém, por ele competir bem melhor nas últimas duas etapas, em Baku (de 7 a 10 de março) e Doha (17 a 20 de abril), do que competiu no Cairo, no fim de semana retrasado, e em Cottbus, no passado.

O circuito das Copas do Mundo classifica dois ginastas por aparelho, considerando os três melhores resultados de cada um. Mas só são pontuados aqueles que concorrem pela vaga. Por exemplo: em Cottbus, na barra fixa, o taiwanês Tang foi ouro, o lituano Tvorogal bronze, e Nory o sexto. Mas como os demais são de países já classificados por equipes, para o ranking eles receberam pontuação de primeiro, segundo e terceiro colocados.

Isso é ruim para Nory, porque Tang já tem dois primeiros lugares (60 pontos) e, Tvorogal, um segundo e um terceiro (45). Além deles, o colombiano Barajas, de só 17 anos, tem um segundo (25). O brasileiro tem este terceiro (20) e no mínimo precisa ir melhor que o lituano e o colombiano nas duas próximas etapas para se classificar a Paris.

Para os demais brasileiros, a regra é péssima. Caio Souza tem 14 pontos na barra fixa, uma série difícil, e precisaria melhorar muito a execução para entrar na briga. Yuri Guimarães, no salto, pode sonhar porque os dois primeiros do ranking são dois sul-coreanos e talvez nenhum possa ficar com a vaga. Mas o brasileiro precisaria fazer pontuação de primeiro colocado nas duas próximas etapas.

Levar só dois atletas a Paris seria um enorme fracasso para a ginástica artística masculina do Brasil. Durante o processo de classificação muita coisa deu errado. Caio Souza se machucou, ficou fora do Mundial passado, e sem a pontuação dele a vaga por equipes não veio por muito pouco.

Dois passaportes vieram pelo 13º por equipes e pelo 10º lugar de Diogo Soares no individual geral. Nory poderia ter alcançado a terceira e última vaga possível para o Brasil na final do Mundial na barra fixa, mas ele caiu e foi só sexto. No Pan, o mesmo Nory ficaria com a vaga se superasse um dominicano. Fez péssima série nas paralelas, porém, e ficou sem a classificação.

Aí, ficou restando o caminho das Copas do Mundo. Caio voltou a tempo depois de cirurgia no tendão de Aquiles, mas sem poder competir no salto, seu principal aparelho. E Nory sentiu lesão no joelho, restringindo sua participação à barra fixa. Até aqui, ainda não fez nenhuma apresentação que se comparasse com as de 14,500 e 14,333 das finais do Pan. No Cottbus, fez 13,900. O lituano Tvorogal, seu principal rival, foi bronze com 14,533.

Se a terceira vaga não vier, a comissão técnica terá a difícil missão de escolher entre Nory e Caio para preencher a vaga que está em aberto. Um dos dois ficaria de fora de Paris.