SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Na noite da última sexta-feira (22), o Tribunal Esportivo da Federação Italiana, a FIGC (Federazione Italiana Gioco Calcio), representado pelo procurador Giuseppe Chinè, encerrou os autos a serem encaminhados ao juiz esportivo, concluiu a investigação da acusação de racismo do defensor brasileiro Juan Jesus ao zagueiro italiano Acerbi. O último passo necessário foi dado nesta sexta-feira (22), com audiências primeiro para o jogador do Napoli e depois para o contratado da Inter de Milão.
O QUE ACONTECEU?
No clássico do último domingo (17), no estádio de San Siro, em Milão, o zagueiro brasileiro Juan Jesus, do Napoli, acusou o italiano Acerbi, da Internazionale, de racismo
Juan Jesus acusa Acerbi de ter dito: "Vá embora, negro, você é apenas um homem negro".
Caso seja punido, Acerbi pode pegar dez jogos de suspensão.
O primeiro a ser ouvido foi Juan Jesus, conectado por videoconferência de Nápoles, e que prestou um depoimento de pouco mais que meia hora. O brasileiro reiterou suas palavras expostas na postagem de denúncia no Instagram na noite de segunda-feira: "Acerbi me disse "vá embora, negro, você é apenas um homem negro". Após o meu protesto ao árbitro ele admitiu que tinha cometido um erro e pediu-me desculpas", acrescentando também que o italiano disse: "Para mim, chamar de negro é um insulto como qualquer outro", completou.
O brasileiro, que está na Itália desde que deixou o Internacional em 2012, para ir justamente à Inter, clube por onde jogou entre 2012 e 2016, antes de se transferir para a Roma, e em seguida, para o Napoli, está convencido de que sabe distinguir um insulto racista de um clichê e não acredita de forma alguma que tenha confundido "você é só um negro" com a frase "eu te faço negro", que é a versão de Acerbi. Disse isto também ao procurador, recordando também os seus protestos imediatos junto ao árbitro da partida, Federico La Penna.
A defesa do jogador foi feita no CT da Inter, em Appiano Gentile, ao lado do diretor Giuseppe Marotta, e do advogado do clube. Segundo o jornal La Gazzetta dello Sport, Acerbi manteve a tendência do que disse a outros jornalistas ao longo da última semana, e de acordo com o atleta, "Nunca demonstrou qualquer forma de racismo em relação a Juan Jesus". A palavra "negro", segundo o zagueiro, foi pronunciada, mas não com um significado discriminatório.
Foram anexadas a denúncia várias imagens de vídeo, como a leitura labial de Juan Jesus parecendo dizer "ele me chamou de negro", e o áudio entre o árbitro e a sala do VAR, que gravou a contestação do brasileiro ao árbitro e o discurso subsequente por Francesco Acerbi. Segundo informações de La Gazzetta dello Sport, o que a procuradoria ainda não conseguiu é uma evidência clara de áudio ou vídeo do momento do suposto insulto racista.
De acordo com o jornal, caso as investigações não comprovem o momento do insulto racial, Acerbi pode ser qualificado apenas por "conduta antidesportiva", fato que faz a punição ser apenas de 2 jogos, ou de 3 a 4, se a procuradoria considerar que o uso da palavra "negro" mesmo sem intenção racista, como admite o zagueiro interista, poderia constituir uma circunstância agravante, aumentando o número de rodadas de suspensão. Se as acusações forem comprovadas, o italiano pode pegar um gancho de 10 jogos, a pena máxima no tribunal esportivo italiano. O resultado deve sair na próxima semana, quando o juiz esportivo Gerardo Mastrandrea, tomará a sua decisão, após ter examinado os documentos recebidos do Ministério Público.
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