SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - João Adibe se diz um "palmeirense de verdade", não só mais um patrocinador do Palmeiras. Presidente e CEO da Cimed, ele usa a paixão alviverde que mostra nas redes sociais, em que tem mais de seis milhões de seguidores, como ativo do negócio que tem com o clube: sua farmacêutica estampa a omoplata da camisa do time masculino em um acordo que pode render R$ 57 milhões até o fim de 2027.
O status de palmeirense ilustre faz a torcida sonhar com Adibe presidente do clube nos mesmo moldes do fenômeno Leila Pereira -se ele comanda uma das maiores indústrias farmacêuticas do país, ela faz o mesmo com uma das financeiras mais poderosas do Brasil. Em entrevista ao UOL, o empresário confirmou pedidos para assumir esse posto. Hoje, porém, isso não faz parte dos planos.
O que ele disse
"Você só pode ser presidente de alguma coisa no dia que você tiver tempo para se dedicar aquilo. Eu sempre vou apoiar a gestão de quem está [como presidente do Palmeiras]. Se um dia eu tiver a oportunidade, e tiver tempo também, porque não posso me dedicar? Mas hoje a minha prioridade é total Cimed", disse João Adibe.
"Todo mundo me pergunta: que dia a Cimed vai abrir capital? Um dia. Vai abrir capital e virar presidente? Talvez. A pergunta é: você queria que eu fosse presidente? Boa. Você compraria ação da Cimed quando abrir capital? Ótimo também", acrescentou.
Ele, porém, já deu o primeiro (e pequeno) passo para um dia ser presidente: é sócio do clube. Para poder ser eleito, precisa antes entrar para o Conselho, e cumprir dois mandatos. Adibe não será o sucessor de Leila Pereira. A mandatária fica no Palmeiras até o fim de 2027, e ainda sonha com um terceiro mandato.
O empresário é fã da forma como Leila administra o Palmeiras, e torce para que apareçam mais mulheres como ela dentro do futebol brasileiro.
"Ela é top. Gestora, administradora, pulso forte. É um destaque. Uma mulher que dispensa apresentações. Uma pessoa que se dedica a um clube 24 horas por dia, sabendo que o futebol é uma emoção, é uma explosão. Tomara que tenha mais Leilas Pereiras aí pelo futebol brasileiro. Tenho certeza que vários torcedores de outros clubes gostariam de ter uma Leila tomando conta do clube dele", afirmou.
Além do investimento no Palmeiras, a Cimed patrocina o Cruzeiro e a seleção brasileira. João não quis revelar o clube, mas disse que tem negociações em andamento para patrocinar um time do Nordeste.
O que deu errado em parceria antiga?
Não é a primeira vez que Cimed e Palmeiras fecham um contrato de patrocínio. A empresa estampou sua marca nas mangas do time feminino e no peito dos times de base do futsal entre setembro de 2022 e fevereiro de 2024, mas a parceria foi interrompida antes do previsto.
João explicou que a Cimed tinha o sonho de patrocinar o time masculino, mas Leila Pereira tinha exclusividade de patrocínio.
"A gente não estava na camisa do time principal, mas tinha uma oportunidade no feminino, tanto é que nós somos campeões de Libertadores com o feminino [em 2022]. Esse ano surgiu a oportunidade de vir agora pro masculino, que era o sonho nosso. E esse sonho começa a ser realizado quando o Palmeiras lança a camisa amarela, que também foi uma coisa que nos chamou muito a atenção porque amarela é a nossa cor", disse.
Novo patrocínio não tem limite de valor?
O acordo entre Palmeiras e Cimed pode render ao clube até R$ 57 milhões até o fim de 2027. No entanto, segundo Adibe, o patrocínio não tem um valor limite porque o acordo inclui lançamentos de produtos licenciados das linhas mais famosas da farmacêutica.
"Não tem limite porque se criou uma oportunidade para Palmeiras e Cimed: quanto mais vende, mais ganha. Então, acho que isso que chama a atenção do mundo do esporte, fizemos algo um pouco diferente. Não é só usar o time dentro do campo, e sim o que o futebol pode atrair a mais em experiência para o seu consumidor", explicou.
Palmeirense de verdade
João Adibe faz questão de dizer que é palmeirense raiz e que sofreu com as filas que o clube viveu. Hoje, acompanha a equipe onde estiver e se diverte com o filho, de 10 anos, que vive uma fase muito mais vitoriosa do Alviverde.
"Eu nasci palmeirense. São 53 anos torcendo para o Palmeiras. E eu fiquei muito na fila, tá? O couro é grosso. A minha infância não foi igual a do meu filho, que pegou esses últimos 10 anos de Palmeiras ganhando tudo."
"Sou palmeirense de bisavô italiano, raiz mesmo, de frequentar o Parque Antártica. É muito legal, fico orgulhoso da história. Para você ver, eu estava no Mundial de 1999, em Tóquio", disse João, que em 2025 esteve no Mundial de Clubes nos Estados Unidos e viajou a Lima com torcedores para acompanhar a final da Copa Libertadores.
"O Mundial foi um marco para mim. Pela primeira vez na história do futebol mundial o mundo viu os torcedores brasileiros de uma maneira diferente. As maiores torcidas do Mundial eram dos times brasileiros, em um país em que ele (o futebol) é muito pobre. O que significa? Que o Brasil só é uma potência no futebol porque ele ama o futebol. E quanto mais a gente conseguir ter os atletas de fora voltando para casa, mais potência o futebol brasileiro vai ter", concluiu.