SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Alessandro Oliveira, CEO da Soccer Grass (empresa responsável pelos gramados sintéticos de Palmeiras e Chapecoense), desafiou o Flamengo e o Maracanã a encararem os mesmos testes feitos pela Fifa anualmente nos gramados sintéticos do país para "aferir à luz da ciência" sobre o tema que virou uma guerra entre Palmeiras e Fla.

O QUE ELE DISSE

"Se existisse o problema de jogadores com lesão, o próprio Palmeiras estaria contra e não renovaria seu sintético. Está claro que lesão, segurança e performance do futebol está consolidado pela troca que o Palmeiras decidiu fazer agora. O clube tem profissionais responsáveis, e eles fizeram isso pela segurança e beneficio. Hoje jogar no Allianz é extremamente seguro, e não sou eu que digo, é a Fifa com os testes que fazem de performance e segurança. Isso não se aplica aos gramados naturais porque, se passassem por isso, poucos passariam nos testes", disse Alessandro Oliveira, em entrevista ao UOL.

"Esse ataque do Flamengo [ao gramado sintético] é puro clubismo, deveriam usar esse tempo para tentar melhorar os gramados do futebol brasileiro, inclusive do Maracanã, que hoje não tem boas condições de gramado natural. Eu me coloco à disposição do pessoal do Flamengo para fazer testes no Maracanã com a Fifa. Sem custo nenhum, eu pago. Até para ver os parâmetros, se precisa melhorar o sintético ou os naturais, para aferir isso à luz da ciência. Sem achismo e clubismo, em prol do futebol", acrescentou.

ENTENDA O CASO

Na última segunda-feira (8), o Flamengo entrou com pedido na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para acabar com os gramados sintéticos no Brasil. O clube quer a "padronização e o alto nível" dos jogos nacionais.

Um dos motivos é o número de gramados sintéticos no Brasileirão do ano que vem: cinco dos 20 clubes serão mandantes em estádios com sintéticos. Athletico-PR (Arena da Baixada) e Chapecoense (Arena Condá), que subiram da Série B, e Palmeiras (Allianz Parque), Botafogo (Nilton Santos) e Atlético-MG (Arena MRV).

Para rebater o posicionamento do Fla, o Alviverde divulgou dados internos que mostram que a média anual de lesões é menor em equipes que jogam no sintético, em comparação aos times que atuam em gramados naturais. Segundo dados do Núcleo de Saúde e Performance do Palmeiras de 2025, o clube tem uma média de 3,35 por 100 horas de exposição ? o número é menor que média europeia de lesões, com 4,5.

Além disso, o índice de lesões do Palmeiras em treinos, e o clube faz atividades regulares no campo artificial, também é menor do que clubes europeus: o Palmeiras tem uma média de 0,78 lesão por 100 horas de exposição, enquanto os europeus tem 1,5. Os números são do próprio clube.

O QUE DIZEM FLAMENGO E O MARACANÃ

Em contato com a reportagem, o Flamengo afirma que o debate não é sobre a qualidade do gramado sintético do Allianz Parque, mas sim pelo fim do piso no futebol brasileiro ? já que a própria Fifa não adota o gramado artificial em suas competições.

A Flamengo TV até fez um programa em seu canal oficial explicando os motivos para o fim do sintético no país.

"A gente entregou um documento de 25 páginas para estabelecer esse novo padrão de gramados naturais e híbridos. Nosso objetivo é levar todos os gramados da Série A e B, em um período de dois, três anos, ao melhor padrão de gramado que existe nesta segunda-feira (15) no Brasil: Neo Química Arena, Morumbis e Beira-Rio. É nesse patamar que queremos levar o futebol brasileiro", afirmou Alex Rangel, consultor estratégico do Flamengo.

A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa do Maracanã, mas não recebeu nenhuma resposta. A matéria será atualizada em caso de posicionamento.