RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O empate arrancado no tempo normal, a prorrogação sofrida e a derrota nos pênaltis para o Paris Saint-Germain foram vividos como uma montanha-russa emocional por torcedores do Flamengo que acompanharam a decisão da Copa Intercontinental em bares, ruas e eventos espalhados pelo Rio de Janeiro na noite de quarta-feira (17).
Com ponto facultativo decretado a partir do meio-dia pelo governo estadual e por prefeituras, incluindo a da capital fluminense, a cidade entrou cedo no clima de final. No Baixo Gávea, tradicional reduto de flamenguistas na zona sul, o público disputava espaço diante das telas, muitas vezes assistindo em pé, espremido entre mesas.
O nervosismo deu o tom desde os primeiros minutos. Aos nove, a falha do goleiro Rossi quase resultou em gol do PSG, e a rede balançada por Fabián Ruiz chegou a provocar silêncio seguido de explosão de alívio quando o VAR anulou o lance. A reação foi tão intensa que parecia gol do Flamengo. "Foi ali que a gente acreditou que dava", disse o administrador Lucas Menezes, 32, que assistia ao jogo com amigos em um bar da região.
A primeira finalização rubro-negra, um chute fraco de Pulgar, foi celebrada como sinal de reação, mas o gol de Kvaratskhelia, aos 38 minutos do primeiro tempo, trouxe apreensão. Ainda assim, o empate no segundo tempo, com Jorginho convertendo o pênalti sofrido por Arrascaeta, provocou abraços entre desconhecidos, copos erguidos e gritos que se espalharam pelas ruas próximas aos bares.
Na prorrogação, cada desarme, cada lateral a favor do Flamengo era comemorado como se fosse um gol. A sensação, compartilhada em coro, era de que o título histórico de 1981 poderia enfim ganhar um novo capítulo. "A gente sentia que era possível. Qualquer bola recuperada virava motivo para comemorar", disse o estudante Rafael Almeida, 24.
A disputa por pênaltis, porém, trouxe um silêncio pesado, quebrado por orações, mãos no rosto e olhos marejados. A cada defesa do goleiro Safonov, a tensão aumentava. Ao fim, com quatro cobranças rubro-negras desperdiçadas, muitos torcedores choravam diante das telas.
Apesar da frustração, o sentimento predominante após o apito final era de orgulho. "Jogamos de igual para igual, fizemos um time desse porte passar sufoco. Não ganhamos, mas somos vitoriosos por ter chegado até aqui e lutado até o último segundo", afirmou o professor Mariano Coutinho, 41, após o fim da partida.
Outra torcedora resumiu o clima da partida: "Sou apaixonada pelo meu time. Foi um ano incrível. Estou triste agora, mas orgulhosa de tudo o que a gente viveu", disse a designer Ana Paula Ribeiro, 29.