SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A reunião do Conselho Deliberativo do São Paulo Futebol Clube, realizada na noite desta quarta-feira (17), foi marcada por fortes discussões, clima tenso e até mesmo uma tentativa de invasão de torcedores organizados. O encontro, que tinha como objetivo debater a execução orçamentária de 2026, acabou ganhando contornos de crise interna.
Desde o início, conselheiros trocaram acusações e elevaram o tom durante os debates. O presidente Julio Casares chamou a atenção pelo semblante abatido. Visivelmente cabisbaixo, ele acompanhou grande parte da reunião em silêncio, falando apenas quando foi provocado por conselheiros. A postura contrastou com outras ocasiões e foi interpretada por integrantes do Conselho como um reflexo da pressão crescente sobre a atual gestão.
OPOSIÇÃO DEBATEU COM CASARES
Um dos conselheiros opositores mais exaltados foi José Alexandre Médicis, do grupo "Raíz Tricolor". Médicis questionou Julio Casares sobre os próximos passos da política do clube e chegou a pedir sua renúncia. À reportagem, fontes relataram que o presidente do São Paulo falou pouco e permaneceu mexendo no celular durante a maior parte da reunião. Inicialmente, falaria na tribuna - mas acabou abdicando da palavra pelo fim antecipado do encontro.
O opositor também teve um breve momento de discussão com Olten Ayres, presidente do Conselho, que caracterizou uma fala de Médicis como "bravata". Em resposta, o ex-diretor chamou Olten de "bravateiro".
FESTA JUNINA VIROU POLÊMICA
Médicis também protagonizou um momento em que questionou a canalização de um montante de mais de R$ 3,5 milhões de reais para o clube social realizar a festa junina de 2026. Diretor do departamento, Dedé se incomodou com a fala e pediu a palavra, já no fim da sessão. O diretor defendeu a organização da festa e alegou que o dinheiro destinado era justo.
No fim da fala, fez um comentário irônico ao conselheiro de Oposição, que também retrucou.
EX-VICE SE ENVOLVEU EM CONFUSÃO
O início da reunião extraordinária teve lembranças de opositores ao superintendente geral Márcio Carlomagno, braço direito de Casares e favorito à sua sucessão para o ano que vem. Por não ser conselheiro, Márcio não esteve presente na reunião.
Conselheiros contrários à gestão começaram a questionar sua ausência ao lado de Casares, o que gerou o início de um bate-boca. Sem ter a palavra, João Bolizan, conselheiro de Situação, iniciou discussão e trocou xingamentos fora do microfone com Roberto Natel, ex-vice presidente de futebol do São Paulo.
BATE-BOCA ENTRE COALIZÃO
Olten Ayres, presidente do Conselho, protagonizou o que fontes disseram ter sido o momento mais 'acalorado' da sessão. No término da reunião, Themistocles Almeida, diretor administrativo do clube e coordenador do grupo Participação, bateu boca com o líder da casa logo à frente de Casares, que permaneceu sentado. A discussão girou em torno da cobrança de uma postura mais rígida de conselheiros do Participação que poderiam votar contra a execução orçamentária para 2026.
REUNIÃO DA COALIZÃO TEVE DISCORDÂNCIAS
Fontes ouvidas pela reportagem revelaram discordâncias entre membros da Coalizão, grupos que dão sustento direto ao governo de Julio Casares, mas ressaltaram que as discussões se mantiveram em 'tom ameno'.
Douglas Schwartzmann, diretor adjunto de base, e Mara Casares, ex-esposa do presidente e diretora feminina, cultural e de eventos, estiveram presentes em reunião realizada na última terça-feira (16), mesmo após pedirem afastamento de seus postos por conta da abertura de uma sindicância interna.
O presidente do Conselho Deliberativo foi quem liderou as conversas, em sintonia com Casares. A principal definição do encontro foi que Olten Ayres seria o encarregado de encaminhar representação contra Schwartzmann e Mara no Conselho de Ética.
A definição, porém, veio com discordâncias. Ex-diretor de futebol do clube e líder do grupo Legião, Carlos Belmonte inicialmente também queria protocolar uma representação contra a dupla.
Alinhados a Belmonte e ao Legião, outros dois grupos também desejavam seguir a mesma linha de ação: Vanguarda, de Marcelo Pupo, e Participação, de Vinicius Pinotti - atualmente cotado como possível opositor à sucessão de Casares em 2026.
Pupo se incomodou com a postura de Olten Ayres em 'centralizar' em si a formalização de uma representação e deixou a reunião antes de seu término.
Diretor do clube social, Dedé, por outro lado, avaliou que o clube estava faltando com 'apoio' a dois diretores, Schwartzmann e Mara. O diretor defendeu o 'engavetamento' da questão e foi contra a representação de Olten.
ORGANIZADA TENTOU INVADIR
Líderes da Torcida Independente, principal organizada do São Paulo, tentaram invadir o Salão Nobre no decorrer da reunião, que teve o seu final antecipado após o princípio de confusão.
Os organizados conversaram diretamente com Olten Ayres e exigiram a expulsão imediata de Douglas Schwartzmann e Mara Casares, além de solicitarem a inclusão na pauta da separação do clube social e do futebol e a inclusão do sócio-torcedor no processo eleitoral. A Polícia Militar foi chamada pra apartar a confusão.