SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Oito anos e muitos gols tornaram Léo Souza um astro no futebol asiático. Hoje, consolidado como uma estrela no oriente, o atacante já deixou de lado o sonho de voltar a jogar em times brasileiros e reclama de preconceito das equipes daqui.

SEM PROCURAS

Léo Souza já viveu muito o sonho de voltar ao Brasil. Aos 28 anos, ele já vê o assunto como "resolvido" e pensa em seguir a carreira longe do próprio país.

"É um assunto resolvido. Foram muitos anos de sucesso, não é que eu joguei um ano bem e três anos mal. Eu nunca tive a oportunidade [de voltar]. É mais a questão da oportunidade", diz à reportagem.

"Os clubes brasileiros têm esse preconceito com a Ásia, é normal isso. Nunca tive a oportunidade de receber uma oferta, uma procura, que seja, porque eles acham que o futebol asiático é mais fraco em nível. Não entendo muito bem, não aceito. Respeito, mas não concordo."

Um jogo recente da seleção brasileira é um dos argumentos citados por Léo para mostrar a força do futebol asiático. "Eu não sei o motivo desse preconceito. Eles [seleção brasileira] foram lá e perderam para o Japão [3 a 2, em amistoso]. Para mim, é um assunto meio que resolvido", disse.

Léo Souza está no futebol asiático desde 2018. No Brasil, ele passou pelas bases de Red Bull Brasil, Corinthians, Ituano e Santos, teve bons números, mas pouco jogou no profissional. Desde que foi para a Ásia, ele passou por clubes japoneses, sul-coreanos e chineses. Hoje, joga no Shangai Port, da China, ex-clube de Oscar e Hulk, e se vê muito respeitado por tudo o que construiu no continente.

"Fui construindo uma história que é respeitada hoje.Tanto os torcedores, como o clube, como jogadores que chegam... Eles sabem a história que eu construí ali dentro e me respeitam muito. Eu também tenho esse mesmo respeito [que Oscar e Hulk] pelo que eu fiz nos outros clubes", afirma.

A temporada passada foi uma das melhores da carreira do centroavante. Foram 22 gols marcados em 37 jogos ?ele foi o terceiro na lista de artilheiros do Campeonato Chinês. Léo foi eleito para a seleção do torneio pelo terceiro ano consecutivo.

NATURALIZAÇÃO VEM AÍ?

Léo Souza não descarta se naturalizar chinês. O interesse é antigo, já que entre 2021 e 2022 ele recebeu as primeiras sondagens ?é preciso que um jogador resida por cinco anos consecutivos para se naturalizar na China. O brasileiro, no entanto, precisou ir para a Coreia do Sul e adiou o processo. Agora, ele já está há três anos seguidos em solo chinês e o assunto voltou a esquentar.

"Eles [chineses] têm interesse, mas isso tudo vai ser conversado mais para o final, porque na época que eu vou poder me naturalizar, eu vou estar com 29 ou 30 anos, então é um pouco mais complicado. Eu nunca me lesionei, mas uma lesão hoje atrapalha muito o jogador. Vamos deixar para conversar mais para frente", diz.

Ele não seria o primeiro a fazer isso. Elkeson (ex-Botafogo) e Aloísio (ex-São Paulo), o Boi Bandido, já tiraram a cidadania chinesa.

O Japão também já foi uma possibilidade. Quando se destacou em solo japonês, entre 2018 e 2021, surgiu o interesse, mas Léo precisaria, além de residir no país, fazer uma prova, saber falar o idioma local e atender a outras exigências. Este cenário freou a possibilidade.

PROMESSA QUEBRADA NO BRASIL

Léo Souza passou quatro anos na base do Corinthians, teve um empréstimo ao Ituano e foi para o Santos. Uma promessa o fez trocar o Timão pelo Peixe: uma promoção ao profissional se fosse bem na base.

O atacante foi o artilheiro do sub-20 do Santos, mas não teve a promessa cumprida, disse ao UOL. Ele chegou a treinar com os profissionais, mas não ficou porque o setor estava "cheio".

Foi aí que começou a jornada pelo futebol asiático. Léo Souza foi jogar no Gainare Tottore, da terceira divisão japonesa. Depois, passou pelo Albirex Niigata e Urawa Reds, ambos japoneses também.

A jornada na China teve seu primeiro capítulo em 2021. No ano seguinte, o atacante foi jogar no Ulsan HD, da Coreia do Sul. Em 2023, voltou para o futebol chinês e não saiu mais.