O VAR... que piora o debate sobre o futebol brasileiro

Nome do ColunistaWarley Santos 21/10/2019

Parecia ser uma nova era no futebol, até antes da confirmação oficial da FIFA sobre o árbitro de vídeo para a Copa do Mundo da Rússia em 2018. O que era esperado não aconteceu. Justiça, diminuição dos erros no futebol com clubes investindo mais na qualidade dos atletas e estrutura.

Por aqui demorou um pouco e depois do impasse sobre os custos da utilização no Brasileirão 2018, o sistema foi implantado. O que se espera é que os erros diminuíssem com o tempo até chegar a uma “resolução” rápida e com eficiência para diminuir os equívocos no futebol. Mas... não é o que vem acontecendo.

Para mim, existia uma esperança de que quando assunto fosse futebol em qualquer ambiente que seja, o debate ganharia qualidade. Porém, o sistema não está sendo fácil! Mudou o dinamismo do jogo e acabou com a emoção de um dos esportes mais conhecido no mundo: o gol. Porque agora todo lance é analisado através de uma lente e abre margem para muitas interpretações.

Sem contar as “exigências” da FIFA para os árbitros, que praticamente sumiram com os critérios para a marcação do pênalti. Passou a ser pela interpretação do árbitro se houve um “movimento natural” ou não, entre outros aspectos que ao meu ver são muito subjetivos. Muitas vezes os zagueiros (o defensor) devem arrancar os abraços ao entrar na área.

O pior: a transferência da responsabilidade. O auxiliar marca um lance de impedimento, pedindo o primeiro jogador que reclamar da marcação, que aguarde pela confirmação do vídeo. Logo em seguida o juiz, que “deixa de ser autoridade máxima”, coloca a mão no ouvido esperando por uma resposta, e, a equipe do VAR inicia o processo de verificação, indo e voltando com as imagens. Acaba que sempre encontra algo. Difícil não encontrar.

Em consenso, muitas vezes, convence o juiz a checar o lance na tela do monitor. As repetições (idas e voltas nas imagens) mudam a visão de quem decide. Até a definição que já foi contaminada por tantos agentes, inclusive a pressão de jogadores e a torcida...

E tem mais um elemento que se torna parte de uma teoria da conspiração: o áudio da equipe do VAR! Vozes que não são identificadas são recortadas por estarem fora de contexto para provar algo. Seria mesmo “provar”? Com mais gente envolvida? Em tempos de redes sociais, então...

Na prática, o recurso que vem sendo utilizado no mundo todo, mesmo sem zerar os erros, se tornou um tormento por aqui. Com isso o debate sobre o futebol foi por água abaixo, uma vez que a discussão se concentra muito mais na arbitragem do que no erro em si, seja do juiz ou de seus assistentes. O tempo de demora para confirmação, por exemplo. Qual contato foi considerado para marcação de um pênalti?

Fica a pergunta: Será que existe a possibilidade de resolver os problemas e melhorar o uso do VAR, da mesma forma, ou até melhor, como está sendo utilizado no resto do mundo? Será que existe uma preocupação em fazer bom uso de uma ferramenta tão valiosa?

O que parece é que comentaristas e jornalistas envolvidos nas transmissões dos jogos produzem um discurso sobre o que deveria ser a intervenção mais discreta em uma partida.

Ninguém aprende a gostar de esporte pela arbitragem. É muito mais que isso, pois o esporte transforma, evolui. Só não vê quem não quer ou não sabe.

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