? sempre assim
Os mesmos que hoje aplaudem, amanh? vaiam. Os que hoje endeusam, amanh? culpam. ? assim o torcedor. De futebol, de v?lei, de qualquer esporte. A paix?o que move uma disputa esportiva e que faz uma pessoa, mesmo sem qualquer rela??o com um clube ou um atleta morra de amores ou ?dio por eles ? inexplic?vel. E se ? inexplic?vel, ? tamb?m inintelig?vel.
Peguemos como exemplo os torcedores do Tupi, que at? pouco tempo atr?s estavam a?, ostentando aos quatro ventos a grandeza do time. Dizendo a todos, por todas as partes do Estado, que Juiz de Fora tinha o melhor time do Campeonato, que era time de Primeira Divis?o.
Pura ilus?o. Como ? pura tamb?m a ilus?o de que esse time ? o pior de todos e que n?o merece o m?nimo de considera??o. ? assim que acontece. Nossos sentimentos s?o alimentados por vit?rias e derrotas. Nosso sangue ferve quando perdemos e ficamos mais leves como vencemos. Mas se uma coisa ? v?lida para todos os momentos da vida, e tamb?m para esse ? que tudo passa, mais cedo ou mais tarde.
Os que profetizaram o caos agora est?o chorando tamb?m. Mas disseram antes que o time perderia n?o s? porque achavam que era fraco ou que os advers?rios eram mais fortes. Disseram para ter, mesmo na derrota, uma sensa??ozinha de vit?ria: a de que acertaram nas previs?es. Os que sonharam com as vit?rias est?o agora desolados, e passam a lan?ar perguntas, cr?ticas e ataques que n?o faziam antes. Porque est?o frustrados, tristes e magoados. A m?goa tamb?m passa. N?o ? s? no futebol.
Esses mesmos torcedores, que vibraram com o Tupi, encheram o est?dio e chegaram a sair de l? gritando "? campe?o", hoje gritam "vergonha". Por causa de um gol no ?ltimo minuto, uma derrota inesperada, tudo mudou. O que era vidro se quebrou.
Mas as rea?es este ano est?o exageradas. O time n?o fez uma campanha ruim. E foi absolutamente infeliz, antes de incompetente. O que acontece ? que o torcedor j? est? mesmo de saco cheio. De 1997 para c?, viu um fracasso atr?s de outro. Alternou alguns anos melhores, mas em sua maioria, viu as coisas desandarem sempre que chegava a hora de decidir. A frase mais comum de todas quando o assunto ? Tupi, n?o adianta: "? sempre assim".
O exemplo em contr?rio tamb?m ? verdadeiro. Carlos Alberto Parreira, t?cnico da Sele??o Brasileira, ? hoje quase unanimidade. Viajou aplaudido para encontrar com o grupo na Su??a. Sua convoca??o foi elogiada por nove em cada dez pessoas a quem se perguntasse. Est? em estado de gra?a. Mas nem sempre foi assim. Em 1994, foi para a Copa desacreditado e chamado de "burro", em coro, em v?rios jogos, e mesmo nos momentos de vit?ria.
Parreira sabe muito bem que ser? idolatrado se vencer. E que se perder sua vit?ria de 1994 ser? esquecida. Sabe que todos aprovam sua escala??o... se o time vencer. E que todos acham que ele foi infeliz... se o time perder. A frustra??o de uma poss?vel derrota, que eu n?o creio que vir?, poder? ser a maior de todas. Mas ? melhor acreditar que vamos vencer. A? o torcedor vai ficar feliz, festejar e depois a alegria, ou a m?goa, vai passar. E depois de quatro anos a esperan?a voltar?. Porque os torcedores do Tupi t?m raz?o: "? sempre assim".
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