Para n?o dizer que n?o falei de flores

Ailton Alves Ailton Alves 11/02/2008

Meus escassos leitores andam aborrecidos comigo, acusam-me de monotem?tico, de s? falar de futebol nessas mal tra?adas semanais para o ACESSA.com. Est?o corretos, todos. O que acontece - falha da minha vis?o distorcida - ? que s? no futebol vejo lances ?picos, s? nos gramados dos est?dios vit?rias e derrotas s?o mais que empates, s? a bola do famoso esporte bret?o comete pecados e tem desejos.

J? tentei enveredar por outros esportes. N?o deu certo.

De atletismo at? gostei. Hoje, al?m da onda de doping, me assusta bastante essa conota??o de falta de limite do atleta: ningu?m pode correr 100 metros em menos de dez segundos!!!. Mas h? muita nobreza nas pistas, principalmente quando Jesse Owens derrota as teorias de supremacia racial dos nazistas, nas Olimp?adas de Berlim/1936, e Jo?o do Pulo d? tr?s arranques e atinge a improv?vel marca de 17,89 metros sob a altitude da Cidade do M?xico. E h? gestos nobres fora das pistas, como o protesto dos norte-americanos Tommie Smith e John Carlos em favor do movimento racial Panteras Negras, na hora da premia??o, nos jogos ol?mpicos de 1968. O australiano Peter Normam, branco, tamb?m no p?dio, apoiou os colegas. Morreu dia desses esse her?i-coadjuvante - apol?tico por instinto, humanista por voca??o - dizendo que faria tudo outra vez, se preciso fosse.

Pessoas jogando v?lei e lutando boxe Basquetebol at? pratiquei, como reserva. Os placares elevados das partidas se constituem numa improbabilidade matem?tica, pois nada no mundo ? mais dif?cil do que fazer uma cesta (nem mesmo conseguir um ponto no golfe). Ali, nas quadras, tamb?m se vence o tempo. P?ra-se o cron?metro a todo momento e, quando faltam dois segundos para o t?rmino da partida, o t?cnico chama os jogadores, pega uma prancheta, risca uma seta para l?, faz um c?rculo para c?, e diz que assim vai ganhar um jogo, ? primeira vista irremediavelmente perdido. A t?tica d? certo, com uma boa freq??ncia. Os jogadores sabem que t?m a chance de seguir o preceito de Hor?cio: "Aproveite a bola de agora e cr? o m?nimo na bola seguinte".

Nunca ? tarde para nada. Muito menos para gostar de outros esportes.

Menos de voleibol, por conta da monotonia - o esporte s? tem quatro jogadas: saca, recebe, levanta e corta. E nunca acredito em algo onde a for?a e o treinamento podem vencer o talento - como no boxe, no jud? e similares.

O automobilismo me amedronta, desde que fui assistir ao vivo a uma corrida de F?rmula Um, em meados da d?cada de 80. Claro que Fangio, Sena, Piquet e Lauda provaram que a per?cia humana aliada a uma m?quina veloz se transforma muito bem em um esporte, mas s?o semideuses. Quem j? foi a um aut?dromo sabe que n?o se v? nitidamente o carro e muito menos se tem certeza que h? algum ser humano ali dentro da m?quina.

Com o hipismo, a vela, o ciclismo e o motociclismo a quest?o ? filos?fica: h? algo muito errado com a humanidade quando um cavalo, um barco, uma bicicleta e uma moto t?m mais valor de mercado que o homem.

O grande drama da gin?stica ? a impossibilidade do erro. Um m?nimo deslize ? o bastante para que as meninas - adolescentes todas e nem sempre uma Nadia Comaneci - fiquem em prantos e sem medalhas.

Com o t?nis, o problema ? de natureza pr?tica: a minha forte miopia n?o me permite ver a bolinha. Fico esperando um dos tenistas comemorar para saber de quem foi o ponto.

Mas, para falar a verdade, a cegueira n?o se manifesta s? no t?nis. ? uma outra hist?ria, que tem a ver com ... futebol.

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Para n?o dizer que n?o falei de flores: o Tupi venceu o Uberaba no domingo e ? mais l?der do que nunca do campeonato. Agora faltam 12 jogos e 83 dias para o Galo ser campe?o mineiro.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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