Desde John Lennon o sonho acaba

Ailton Alves Ailton Alves 22/04/2008

Foto do jogo do Tupi contra o Atl?tico em Juiz de Fora O sonho, como a paz, ? uma inven??o moderna; o pesadelo, como a guerra, existe desde sempre. Ele, o sonho, acabou desde que John Lennon decretou seu fim em 1970 e, uma d?cada depois, aquelas cinco balas de rev?lver sacramentaram o vatic?nio. Restou-nos a frustra??o.

O sonho carij? de fazer uma final de campeonato mineiro desde que a bola come?ou a rolar e, efetivamente, se sagrar campe?o das Gerais acabou no s?bado, no malfadado e para todo o sempre lembrado jogo contra o Atl?tico.

Acabou, o sonho, porque n?o fizemos um m?sero gol nesse timeco do Atl?tico - um dos piores que j? se montou no glorioso ninho do Galo da capital. Aquela conclus?o de Ademilson que bateu na rede, pelo lado de fora, os chutes sem for?a de Allan, a bomba na trave de Silas, a cabe?ada consciente de Gedeon, a demora de Eraldo em concluir dois lances...

Mas, fora das hostes amigas ? preciso registrar que o sonho acabou porque estavam em campo tr?s personagens de amarelo, que, como disse Lu?za Santiaga em "Cr?nica de uma Morte Anunciada", s?o "homens de pouca moral, animais de m... que n?o s?o capazes de fazer sen?o desgra?as": um tal Luiz Carlos da Silva, o ?rbitro, e uns tais Helbert Costa Andrade e M?rcio Eust?quio Santiago, os bandeirinhas.

N?o basta o impressionante coro de "ladr?o", no intervalo da partida. ? preciso deixar claro que esses caras vivem para produzir tristezas, nisso t?m prazer, principalmente quando mal-intencionados. E confessam crimes. Como o tal Luiz Carlos, declarando a um atleta carij? que "ferraria o Tupi".

N?s juizforanos, j? com a alma sangrando pelo esc?ndalo pol?tico que nos assola, n?o precis?vamos de outra punhalada. Mas levamos. Quem estava na arquibancada percebeu, a partir dos 30 minutos de jogo, o destino inevit?vel, a dor de saber que o esporte que tanto amamos n?o tem lisura. N?o havia uma ?nica alma no Est?dio M?rio Hel?nio que n?o antecipasse o rumo das coisas: o Tupi poderia fazer oito gols que o ?rbitro anularia todos eles; o Atl?tico poderia fazer um s? em impedimento - como realmente fez - que o tal Luiz Carlos validaria - como realmente validou.

Tudo consumado, voltando para casa debaixo de uma chuva mi?da, pensei na doce companheira Marlene. Ela, que n?o entende nada de futebol e muito da vida, diria: "E voc? tinha alguma esperan?a que fosse diferente?". A presen?a dela me impediria de cometer exageros. Sua aus?ncia, de certa forma, me liberta de um humanismo que cultivo h? anos. Contrariando minha forma??o cat?lica, e n?o tendo ningu?m a me guiar ? raz?o, gostaria muito que esse trio de ?rbitros queimasse no eterno fogo dos infernos.

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Apesar do ?rbitro e da incapacidade de fazer um gol nesta ?ltima partida, foi uma bela campanha, a do Galo. De tudo ficou muito: bons jogos, gols, craques revelados e principalmente, e finalmente, o renascer de um caso de amor entre o clube e o juizforano, principalmente o jovem torcedor. Isso ? mais importante que um trof?u de campe?o.

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Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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