Os rom?nticos, os pragm?ticos e os realistas
Come?ou a Eurocopa e l? como c? o bom futebol anda desaparecido. Estou como o escritor uruguaio Eduardo Galeano: mendigando uma jogada de arte nos gramados.
E pior do que a constata??o de que a bola est? sendo maltratada pelos outrora "artistas do espet?culo" ? perceber que n?o h? mais o conceito de "nacional" nas sele?es europ?ias. N?o ? necess?rio mais nascer no pa?s para vestir as cores da equipe. Entre os "infiltrados" est?o brasileiros com cidadania portuguesa, espanhola, alem?, polonesa e turca, e at? peruano defendendo o escrete su??o.
Mais desesperador ainda ? ouvir os chamados "comentaristas esportivos" dizerem que esses sul-americanos a servi?o de outra p?tria est?o jogando como um europeu. Ser? isso, afinal, um elogio ou uma cr?tica?
Acredito que depende muito da perspectiva de quem trata do assunto. Para os rom?nticos, mais preocupados com a beleza, ? um defeito; para os pragm?ticos, mais interessados nos resultados, ? uma qualidade; para os realistas, n?o ? nem uma coisa nem outra, ? simples constata??o. Ou seja, n?o se mede a categoria de um time, uma sele??o ou de um jogador, por ele atuar aqui ou do outro lado do Atl?ntico.
Tal discuss?o, quem ? o melhor no futebol, o sul-americano ou o europeu, ? t?o antiga quanto in?til. At? 1970 n?o se pensava nisso. Com a vit?ria espetacular do Brasil naquela Copa, foi decretado o fim futebol?stico da Europa. A "morte" durou apenas quatro anos, quando, na Copa seguinte, a "Laranja Mec?nica" holandesa, sem nenhuma tradi??o, encantou a todos. A? quem morreu para o futebol foi a Am?rica. E assim tem sido, durante os anos, em ciclos, com todas as nuances. Os "sul-americanos" Platini, Tr?sor e Giresse jogavam mais bonito mas quem ganhava os jogos eram os "europeus" Voeller, Littbarski, Lineker e Rummenigge.
Hoje, h? quem veja caracter?sticas europ?ias em times brasileiros ou enxerga o jeito sul-americano em craques finlandeses. Os "analistas" mais "modernos" dizem que os africanos s?o os "novos" sul-americanos e os asi?ticos, os "novos" europeus. Tudo bobagem! N?o fosse, proporia ao quinto continente, a Oceania, montar em laborat?rio uma sele??o que reunisse o vigor dos europeus, o talento dos sul-americanos, a correria dos asi?ticos e a ginga dos africanos. Ganharia todas as copas, f?cil, f?cil.
Um ?ltimo exemplo do quanto essa discuss?o ? est?ril e sem credibilidade: em 1984, jogaram, no Rio de Janeiro, Brasil e Inglaterra. Num determinado momento, o meio-campista Zenon, catarinense de Tubar?o, fez um lan?amento maravilhoso de 40 metros, realmente perfeito. "Isso ? coisa do talento do jogador brasileiro", disseram todos. Dois minutos depois, o volante Ray Wilkins, ingl?s de Londres, fez exatamente a mesma coisa, com precis?o id?ntica. "Um lance de rara sorte", afirmaram alguns.
Naquele dia, a Inglaterra venceu, 2 a 0, e o Maracan? conheceu um ponteiro-esquerdo a servi?o de Sua Majestade, John Barnes, que marcou um belo gol e acabou com o jogo. "?, mas ele ? negro e nasceu na Jamaica, pa?s localizado na Am?rica Central", fizeram quest?o de afirmar os "idiotas do ?bvio".
Ora, tenham a santa paci?ncia!
Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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