A volta do filho pr?digo
Depois de quase cinco anos, Welington Fajardo est? de volta ao Tupi. Vi, como rep?rter, seus primeiros passos em Santa Terezinha, no incrivelmente distante janeiro de 2001 e suas muitas vit?rias no M?rio Hel?nio. E vi tamb?m, ent?o como torcedor, a ?ltima vez em que ele tentou nos guiar ? Gl?ria. Foi em 5 de novembro de 2003, o dia em que esquecemos o que aprendemos com Otto Lara Rezende, via Nelson Rodrigues: "O mineiro s? ? solid?rio no c?ncer". Naquela data - Dia Nacional do Cinema e anivers?rio de morte de Humberto Mauro, o mais mineiro dos artistas - um outro (nascido em qualquer parte dessas Minas Gerais, que s?o v?rias) nos ensinou que n?s, dessa terra sem mar e sem sal, n?o somos solid?rios nem na dor.
Naquele jogo contra o Bragantino, pela fase decisiva do Campeonato Brasileiro da Terceira Divis?o, quando aquela bola sobrou na entrada da ?rea para o meio-campista Jairo, duvidei que ele fosse acertar o chute - o jogador estava com os dois p?s fora do ch?o, sem equil?brio, e nem era um voleio. Mas ele acertou. Depois acreditei que a bola fosse tocar em algu?m: zagueiros desesperados ou atacantes afoitos. Mas n?o esbarrou em ningu?m. Por fim, temi que o goleiro segurasse a pelota - ele j? estava na trajet?ria e preparado para a tarefa. Enganei-me de novo: a bola estufou as redes.
E nesse momento, como sou escaldado no assunto e propenso a nunca acreditar na felicidade, olhei para o bandeirinha antes de come?ar a comemorar. Fiz o certo. Ele estava l?, est?tico, com o bast?o levantado, pronto para acabar com a "repentina explos?o dos carij?s", apontando um (Justo? Injusto? N?o importa...) impedimento. Era naquele momento o mineiro mais paulista, mais Bragan?a, mais nobre, mais detest?vel que j? conheci.
Esses caras vivem para produzir tristezas, pensei. T?m prazer nisso, exagerei. O que lhe custava validar o gol, indaguei, esquecendo minha responsabilidade com supostas verdades. Qual seria o problema? Se o gol fosse contabilizado a favor do Tupi, os jogadores do Bragantino talvez reclamassem, mas por pouco tempo. E transferir?amos toda essa frustra??o para Bragan?a Paulista, cidade que n?o conhe?o e nem quero conhecer, da qual s? sei que produz ling?i?a. Grande coisa!!!
Mas n?o. A tristeza que aquele mineiro produziu ficou em Minas, como se a gente precisasse de mais. O protagonista foi embora, umas tr?s horas depois do fato consumado e acredito que tenha dormido bem naquela noite. N?s n?o. Ficamos com as chagas daquela trag?dia e vira e mexe vamos nos lembrar daquele lance como se ele fosse capital para o bom prosseguimento das nossas vidas.
E pior que isso. Aqueles que produzem tristezas tamb?m plantam injusti?as. N?o demorou muito e come?amos a duvidar e esquecer de outras certezas que, antes do jogo, eram t?o cristalinas como dogmas. Mas se desmancharam no ar em apenas 90 minutos.
Aquele jogo e suas conseq??ncias fizeram com que Welington Fajardo fosse embora.
Agora, como um filho pr?digo, est? de volta. Para apagar da mem?ria partidas como aquela e nos levar a um destino aparentemente improv?vel: o de sermos grandes.
Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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