Ailton Alves Ailton Alves 2/3/2009

As m?os que afagam s?o as mesmas que apedrejam

Arte mostrando a foto de Alan despeda?ada no gramado Quando da divulga??o da tabela do Campeonato Mineiro, muito antes da bola come?ar a rolar, todos sab?amos que a partida mais interessante desta primeira fase seria a do Tupi contra os democratas de Governador Valadares. Se Moacir J?nior (o t?cnico deles) fosse demitido antes das ?guas de mar?o, se Alan (o atacante deles) estivesse machucado ou suspenso, morreria ali o interesse. ?amos todos cuidar da vida e pensar em outras coisas. Mas nada disso aconteceu. Moacir vem fazendo um bom trabalho, assim como Alan que, pelo que pude apurar, j? ? ?dolo l? no Vale do Rio Doce. E a presen?a confirmada dos dois em Juiz de Fora foi quase motivo ?nico no per?odo p?s-cinzas.

Moacir e Alan t?m liga?es parecidas com o Tupi, marcadas pela precariedade temporal e por um amor irreal que, como era de se esperar, se mostrou mais fr?gil que o mais fr?gil cristal da Baviera. Nos bons tempos - e n?o faz muito tempo - eles viviam de afagos. Agora, foram soterrados por pedras, atiradas pelas mesmas m?os.

O t?cnico foi recebido no gramado com gritos de "mercen?rio" (porque, no ano passado, aceitou um sal?rio melhor e deixou o Galo para treinar o Ipatinga) e o atacante, com apupos impublic?veis (porque, no in?cio deste ano, trocou o Tupi por melhores condi?es de trabalho em Governador Valadares). E, pela primeira vez na hist?ria do Est?dio M?rio Hel?nio, ouvi um coro orquestrado de xingamentos de carij?s direcionados a outros carij?s - as v?timas, no caso, integrantes de uma torcida organizada, que ousaram relembrar o passado recente e reverenciaram, ainda que timidamente, o ex-xod? da galera.

Nesse clima absolutamente tenso n?o foi surpresa o jogo ter sido resolvido apenas aos 41 minutos do segundo tempo, a favor do Galo, com um gol contra. Os gols que Carl?o (vestindo a camisa onze que j? foi de Alan) perdeu e a forma atabalhoada com que o zagueiro do Democrata cabeceou aquela bola contra as pr?prias redes foram produtos dessa tens?o.

Alan bem que tentou sobreviver a essa hostilidade e, paradoxalmente, teve uma ?nica chance de elevar ao mais alto grau esse estado das coisas. Foi logo no in?cio da partida, quando recebeu excelente passe que o deixou na cara do gol. Foram os segundos mais longos da hist?ria do municipal. N?s, os torcedores carij?s, sabemos - por experi?ncias vividas nos ?ltimos tr?s anos - que dificilmente Alan perde uma bola nessas condi?es.

Mas... Alan perdeu, abafado pelo goleiro carij? (tenho absoluta certeza que quis perder o gol, pois nem ele poderia prever as consequ?ncias da jogada - por?m, isso ? outra hist?ria). Perdeu o gol e se perdeu na partida. A partir dali s? fez bobagem: cometeu duas faltas desclassificantes, irritou seus ex-companheiros de Tupi com falsidades ideol?gicas, no intervalo fez gracinhas desnecess?rias e, ao final da partida, criou uma confus?o absurda.

Por tudo isso, acho (n?o tenho certeza) que Alan acabou para a torcida do Galo. Est? definitivamente enterrado numa curva do Rio Doce. Pode parecer cruel, mas ? assim o futebol - e a vida.

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A presen?a de Alan entre os democratas n?o dividiu apenas a torcida. Nas duas emissoras locais de r?dio que transmitem futebol, uma saud?vel pol?mica: enquanto uma elegeu o atacante como "o pior jogador da partida", a outra fez uma longa entrevista com o pr?prio, for?ando as perguntas para que ele deixasse claro o quanto era maltratado em Juiz de Fora e o quanto est? sendo bem tratado em Governador Valadares.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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