Do passado ninguém foge
Por alguns minutos do último final de semana nós, os Carijós, conhecemos o efeito de uma hecatombe nuclear. Sim, Vinícius de Moraes estava certo em mandar a gente pensar nas crianças “mudas telepáticas” e nas rosas de Hiroshima; e os japoneses estão absolutamente certos naqueles rituais anuais, 6 e 9 de agosto, aquele pesado minuto de silêncio em homenagem às vitimas da bomba atômica. É exatamente isso, uma profunda angústia, o que se sente quando o cogumelo da radiação começa a se delinear na atmosfera.
A hecatombe do último final de semana foi, claro, produto de um boato, quando começou a ser disseminada na cidade a notícia de que o Tupi (empatando, naquele momento o seu jogo contra o Macaé, e com a combinação dos outros resultados) estava eliminado do campeonato. O mau augúrio só podia ser boato, o irmão siamês da calúnia, que existe desde sempre (não nos esqueçamos, nunca, que quem primeiro caluniou foi José, ao duvidar da missão de Maria, até que na ponta da vara nasceu a flor).
Desde então, tem muita gente no mundo que vive de calúnias, proferidas com prazer, para sustentar e justificar suas existências medíocres. Não fazem nada, absolutamente nada: não amam, não escrevem, não vêem futebol, não vão ao cinema, não lêem livros e não conversam, só caluniam. Ficam à espreita, esperando o deslize de alguém. Quando acontece, soltam o impropério, rindo por dentro e por fora, como se tivesse cumprido a contento a missão deles na terra. Dependem da fraqueza de alguém porque sabem que sem essa falha humana eles seriam menos do que já são.
E os caluniadores não sofrem. Acordam para a semana como se tivessem dormido o sono dos justos, como se nada tivesse acontecido. São donos da verdade, não aceitam argumentos. Se cobrados, mostram indignação: “não inventei nada”, e mostram um pedaço da tal verdade, tão sem glamour como uma manhã de segunda-feira. Os caluniadores nunca são inteiros, vivem de fragmentos.
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Apesar deles, faltam seis jogos e 47 dias para o Tupi ganhar seu primeiro título nacional. E dois jogos, míseros 180 minutos de futebol para o Galo subir para a Série C do Campeonato Brasileiro
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