A primeira grande festa Da Rua Halfeld os juizforanos ouviram a conquista do primeiro mundial,
ao som dos auto-falantes da R?dio Industrial

Ricardo Corr?a
Rep?rter
abril/2006

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O trauma de 1950 ainda n?o foi esquecido. Mas o t?tulo na Su?cia, oito anos depois, e com apresenta?es brilhantes ajudou parte de uma gera??o de torcedores brasileiros a se sentir em paz. Em Juiz de Fora, as coisas foram bem diferentes em 1958. A festa de fato ganhou as ruas e, de todos os t?tulos, esse sem d?vida nenhuma teve uma caracter?stica especial.

Naquela ?poca n?o havia transmiss?o das partidas pela televis?o. As pessoas ouviam mesmo pelo r?dio. E a grande concentra??o de gente na cidade se dava na Rua Halfeld. E n?o era depois do jogo, para comemorar as vit?rias. Era durante. Todas as ruas da cidade ficavam vazias, menos a Halfeld. O motivo: os auto-falantes da R?dio Industrial, que funcionava em um dos pr?dios ao lado do Cine-Theatro Central. Wilson Cid explica que, ali, uma multid?o assistia ?s partidas do Brasil na competi??o.

?Era muita gente mesmo. Os auto-falantes ficavam para o lado de fora, altos e uma multid?o, do Palace at? a Rio Branco ficava ouvindo os jogos ali. O que ajudava a dar mais emo??o ? que as transmiss?es n?o tinham qualidade naquela ?poca. Ent?o o som subia e abaixava. Alternava. Ele vinha em ondas mesmo e ent?o era ainda mais emocionante?.

As pessoas ficavam sentadas na beira do meio-fio, pois a Halfeld na ?poca possu?a cal?ada e asfalto. Foi ali que muitos ouviram o Brasil vencer a Su?cia por 5 a 2 e conquistar com merecimento o t?tulo de melhor sele??o do mundo. Um dos principais pontos de aglomera??o era o Salvaterra, caf? que ficava em frente ? R?dio Industrial, em um pr?dio onde hoje funciona uma ag?ncia banc?ria, tamb?m ali, ao lado do Central.

Era ano eleitoral e por isso muita gente aproveitava a Copa do Mundo para fazer campanha. Quase como hoje. Ap?s a vit?ria, Eucl?rio Pires, comerciante, candidato e filiado ao PSP, mandou publicar no "Di?rio da Tarde" um an?ncio parabenizando o Brasil pela conquista do t?tulo. V?rias empresas tamb?m fizeram isso.

Antes da final, o "Di?rio da Tarde" se dividia entre as not?cias sobre os problemas financeiros vividos na ?poca pela CBD - Confedera??o Brasileira de Desportos, ou exalta?es de esperan?a. Fica claro pelas p?ginas do jornal que, de 50 a 58, o interesse pela Sele??o Brasileira j? havia aumentado muito. As vit?rias agora eram de fato comemoradas com muita festa. Anunciada antes do jogo."Se o Brasil ganhar dos ingleses vai ter grandes bebemora?es", dizia uma nota de coluna do dia 11 de junho". E ganhou.

Mas a cobertura estava mais focada no que acontecia fora de campo do que o que de fato rolava nos gramados. O juizforano teve acesso a not?cias como a prov?vel venda de Pel? para o Benfica, por 6 milh?es de cruzeiros, ou a poss?vel ida de Didi e Belini para a Espanha, o que mostra claramente que o ass?dio por jogadores brasileiros j? existia naquela ?poca.

Tamb?m o fato de haverem ingressos falsificados e at? um concurso de tiro realizado pelos atletas brasileiros na Su?cia chegaram at? os juizforanos nas p?ginas do jornal. Pel?, Garrincha e Didi venceram o duelo, mostrando que n?o eram bons apenas no futebol.

Fim da Copa e a r?dio PRB-3 foi ao Rio transmitir ao vivo a chegada dos campe?es. Na verdade, a imprensa daquela ?poca preocupava mesmo era com a Copa em si e com as coisas que cercavam nossa Sele??o. N?o existia essa preocupa??o de hoje com a retranca local, em buscar a repercuss?o na cidade. Mas os poucos registros deixam claro que a alegria n?o tem fronteiras e nem dist?ncias. Que o que o sorriso que se via na Su?cia tamb?m se viu na Rua Halfeld naquele dia 29 de junho de 1958.


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