Alegria ao vivo pela televis?o Juiz de Fora foi ?s compras em 1970, em busca de televisores e r?dios para acompanhar o tricampeonato. E viu um baile nos campos

Ricardo Corr?a
Rep?rter
abril/2006

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"Todo mundo comprou televisor ou r?dio nessa Copa do Mundo. E isso mesmo os que n?o tinham muitas condi?es financeiras. Muitos dos compradores talvez vendam seus aprarelhos depois do campeonato, podendo at? devolv?-los n?o tendo condi?es de pag?-los". A frase ? de um vendedor de uma loja de eletrodom?sticos no dia 18 de julho de 1970, em plena disputa da Copa do Mundo do M?xico. Deixa clara a mobiliza??o que aquela Sele??o conseguiu implementar na popula??o de Juiz de Fora.

A venda dos aparelhos de televis?o cresceu 40% e os r?dios eram comprados no credi?rio por gente que n?o tinha o costume de us?-los. Contam os jornais que mo?as e rapazes sempre acharam o aparelho "caipira", mas nessa ?poca enchiam as lojas para comprar o r?dio port?til e sair com ele debaixo do bra?o. Embora a venda de r?dios tenha disparado, a grande vedete do ano era a televis?o, com transmiss?o ao vivo. Todos veriam, em tempo real, a Sele??o Brasileira em a??o. E todos queriam ver mesmo, como conta o "Di?rio da Tarde" de 4 de junho, dia seguinte da estr?ia.

"Todos os locais da cidade que possuem aparelhos de televis?o ou r?dio foram ontem pontos de concentra??o p?blica, durante os 90 minutos de jogo entre a Sele??o do Brasil e a representa??o da Tchecoslov?quia. A cada goal da equipe nacional, os gritos euf?ricos dos espectadores se misturavam com os estampidos de foguetes. Dessa vez, a torcida do atraente esporte n?o foi a tradicional. Mo?as, crian?as e rapazes tiveram suas aten?es voltadas para o desenrolar da partida".

A Copa de 70 foi a copa da mobiliza??o. A campanha da "Corrente para frente", do "Pra frente Brasil" instituiu a tradi??o de pintar as ruas e determinou que o pa?s parasse durante os jogos dos canarinhos no M?xico. O jornalista Wilson Cid conta um caso curioso. Seu filho nasceu no dia de uma partida entre Brasil e Peru. Na maternidade, Wilson lembra bem de como o futebol j? tinha contagiado a todos.

"As enfermeiras pegavam fraudas penduradas no cabo de vassoura fazendo de bandeiras. Era uma festa danada. Eu n?o esqueci daquilo", conta o jornalista.

Se na Copa anterior, em 1966 a pol?cia teve problema para proteger os estabelecimentos portugueses da cidade, depois da partida em que Pel? saiu machucado ap?s a selvageria dos lusos, dessa vez o clima de festa e a recep??o que os mexicanos fizeram para o Brasil deixaram o pa?s com uma cara ainda mais latina.

Ap?s os jogos, a vibra??o tomava conta de toda a cidade. Mesmo nos bairros mais afastados. Em caf?s, pequenas multid?es se formavam para discutir os lances da partida. Nas ruas, muita festa. Abra?os nas cal?adas, brindes nos restaurantes, salva de foguetes. Tudo isso foi registrado pela imprensa da ?poca. E como os jogos ?s vezes eram at? tarde, como contra a Inglaterra, a festa costumava se esticar pela madrugada.

"As manifesta?es de alegria duraram at? a madrugada, quando pequenos grupos de rapazes, um tanto embrigados pelos brindes em demasia, passavam pelas ruas falanto alto de sele??o e dando vivas para um ou outro jogador cujas atua?es foram marcantes ontem. N?o se pode negar que, caso o jogo acontecesse durante o dia, num hor?rio normal de expediente de trabalho, todas as atividades seriam encerradas por alguns minutos ap?s o t?rmino da partida", analisava o "Di?rio da Tarde", que anunciava o fato de que v?rios col?gios da cidade n?o tiveram aulas ? noite, "por saber, antecipadamente, que ningu?m iria assist?-las". Valia mais ? pena ficar em casa e ter uma aula de futebol com aquela Sele??o.


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