O fim do n? na garganta Antes de fazer bodas de prata da ?ltima comemora??o, juizforanos voltam ?s ruas, em carreata, para comemorar o tetracampeonato mundial

Ricardo Corr?a
Rep?rter
abril/2006

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Vinte e quatro anos sem conquistar um t?tulo mundial n?o fizeram com que a paix?o pela Sele??o Brasileira desaparecesse. Mas a confian?a no t?tulo diminuiu muito no decorrer dos tempos. Ainda sofrendo o trauma da elimina??o precoce na Copa de 90, na It?lia, os torcedores estavam ressabiados. Acompanhavam a movimenta??o antes da competi??o come?ar, mas com aquele ar de "vamos ver no que vai dar".

Ainda assim as ruas foram enfeitadas e a Copa atraiu toda a aten??o da cidade. O esporte vivia um bom momento, com a chegada do Manchester - cooperativa formada pelos tr?s grandes clubes e Juiz de Fora - ? Primeira Divis?o do Campeonato Mineiro. Mas em tempo de Copa, s? se fala de Copa, como ressaltava a Tribuna de Minas em sua edi??o de 7 de junho.

"Os torcedores juizforanos come?aram a enfeitar as ruas da cidade, faltando apenas 10 dais apra a Copa. As ruas S?o Mateus, Redentor, no Paineiras, Murilo de Andrade Abreu, no Bairro JK, s?o as mais animadas. Bandeiras, fitas pl?sticas, bal?es e pinturas fazem parte da decora??o. A torcida mostra-se esperan?osa, apesar da Sele??o n?o trazer o t?tulo h? 24 anos". A movimenta??o nesse sentido foi maior naquele ano por causa da campanha "Copa na Rua", da Prefeitura, que iria premiar a rua com a melhor decora??o com o tema Copa do Mundo.

A anima??o era total. Nos dias de jogos, um bar no S?o Mateus ousou. Decidiu contratar as "dom?sticas de luxo", bloco carnavalesco que hoje j? n?o existe mais, para animar o p?blico na hora da partida. As dom?sticas de luxo eram homens vestidos de mulher e pintados de preto, com roupas de empregada e cabelos coloridos.

Os camel?s tentavam aproveitar a Copa do Mundo para faturar, mas depois dos preju?zos de 1990, muitos deixaram de apostar na competi??o. So faziam estoque depois que o Brasil ganhava seus jogos.

O Parque Halfeld e o Bairro J?quei Club, no estacionamento de um supermercado, ganharam tel?es. Os bairros mais animados, trios el?tricos ap?s o jogo, para animar o p?blico a comemorar as vit?rias. Com os jogos de tarde, j? antes da Copa come?ar sabia-se que a rotina da cidade seria definitivamente alterada. Foi assim na estr?ia.

"Ainda que n?o haja uma decis?o geral para todo o setor, boa parte do com?rcio deve encerrar o expediente ?s 16h, para que o trabalhador tenha tempo suficiente para chegar em casa e n?o perder nenhum lance", contava a Tribuna do dia 17 de junho. Os supermercados tamb?m mudaram o funcionamento e as ind?strias colocavam televis? es na f?brica para agradar os funcion?rios.

Na Prefeitura, reparti?es municipais e servi?os p?blicos tamb?m alteraram o funcionamento e, em escolas, poucas se arriscavam a manter as aulas. O mais normal era reunir os alunos para assistir aos jogos, mesmo que n?o fossem do Brasil, como na abertura da Copa entre Alemanha e Bol?via.

Tanta gente assistindo aos jogos pela televis?o poderia fazer com que o consumo de energia subisse. Mas como o com?rcio e as ind?strias paravam para ver os jogos, a Cemig registrou 15% a menos de consumo durante o m?s da Copa do Mundo. Energia mesmo s? nas ruas, ap?s as vit?rias do Brasil.

"Milhares de torcedores tomaram conta das ruas do centro da cidade, ontem ? noite, no carnaval que come?ou logo ap?s a vit?ria sobre a R?ssia, por 2 a 0. No Cal?ad?o, na Avenida Rio Branco e na Rua S?o Mateus, que chegou a ficar interditada ao tr?fego, os torcedores comemoravam os gols de Rom?rio e Ra? como se j? fosse a conquista do t?tulo. Centenas de carros, motos e bicicletas pelas ruas, fazendo buzina?os e soltando fogos", contou o jornal do dia 21 de junho. Nas carreatas pelas ruas, pelo menos um acidente tr?gico. Um homem perdeu as pernas ap?s uma batida entre ve?culos que participavam da comemora??o.

Muita festa e muito lixo. Dez tonelada mais foram recolhidas a mais do que o normal na cidade. No total foram 15 toneladas naquele dia, ap?s a primeira vit?ria. No dia 25 de junho, as ruas ficaram desertas. A partida era contra os suecos e parece que o clima daquele pa?s baixou em Juiz de Fora. Mas nem mesmo os sete graus da madrugada mais fria do ano na cidade desanimaram os torcedores que acordaram dispostos a ver o Brasil se dar bem mais uma vez.

Era tempo de plano real e os bares ficavam cheios de gente confusa sem saber como pagar. Mas a vit?ria do Brasil sobre a Holanda naquele jogo marcante de quartas-de-final, por 3 a 2, fez com que todo mundo esquecesse qualquer problema e s? pensasse em futebol.

"O cruzamento da rua Halfeld com a Rio Branco se transformou em uma esp?cie de 'corredor polon?s' de alegria. Torcedores paravam os carros, agitavam bandeiras, cantavam e faziam barulho de sobra. A chuva de papel picado voltou a cair dos pr?dios". E assim foi tamb?m depois a semifinal, e a final, com uma festa que durou at? de noite, ap?s a vit?ria nos p?naltis sobre a It?lia. Era o fim de jejum e o in?cio de uma era gloriosa para o futebol brasileiro.


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