Eles s?o do contra! Juizforanos torcem por nossos rivais: Alemanha, It?lia e Argentina
Rep?rter
junho/2006
A explica??o ? a mesma e o estranhamento de quem observa Daniel, Rafael e Diogo assistindo ?s partidas de uma Copa do Mundo tamb?m. Baseados na justificativa de que pa?s ? pa?s e Sele??o ? Sele??o, eles torcem para os nossos maiores rivais na disputa do maior campeonato de futebol do mundo. Nos oito t?tulos de Alemanha, Argentina e It?lia, residem a paix?o que esses tr?s fan?ticos ostentam pelo futebol. Eles se preparam para mais um desafio, como o de quatro em quatro anos. Uma derrota, para eles, que est?o em 'territ?rio inimigo' pode ser ainda pior do que para n?s.
Pela for?a alem?
Enquanto a maioria dos brasileiros ainda aguarda o sonho de ver o time disputando uma Copa em seu terit?rio, Daniel j? poder? sentir isso este ano. Ele ? brasileiro, mas torcedor da Alemanha, a dona da casa na disputa deste ano. O juizforano se enche de orgulho ao falar de seu time do cora??o e tem na ponta da l?ngua os motivos pelo qual decidiu torcer pelos germ?nicos da camisa branca, e n?o pela aut?ntica amarelinha com a qual estamos acostumados.
"A ra?a e a dedica??o dos jogadores alem?es, al?m do estilo de jogo mais competitivo, baseado no f?sico e sem estrelismos, condizem muito mais com a ess?ncia de um esporte coletivo do que o "tico-tico no fub?" brasileiro. Gosto de um futebol-for?a, sem jogadores com a m?o na cintura no meio-de-campo", defende a Alemanha e ataca o Brasil ao mesmo tempo. Mas lembra que, apesar do futebol for?a, os alem?es sempre produziram craques para o futebol. Exemplos n?o s?o poucos.
"? importante ressaltar que a Alemanha, apesar de dar ?nfase ao coletivo, sempre teve craques, como Fritz Walter (d?cada de 50), Beckenbauer, Overath, Sepp Maier, Breitner, Gerd Muller (d?cada de 70), Lothar Matthaus, Harald Schumacher, Bassler, Effenberg, V?ller, Klinsmann (d?cadas de 80 e 90), Ballack, Kahn, Lehmann e Podolski (atualmente), dentre outros", enumera Daniel.
O fato de torcer por outra Sele??o costuma render dor de cabe?a para o fan?tico pela Alemanha. Se a sele??o daquele pa?s perde ent?o, a? ? que as coisas ficam piores para ele. Como na ?ltima disputa, em que a Alemanha foi derrotada pelo Brasil no jogo final.
"A final da Copa de 2002 me rende muita dor de cabe?a at? hoje. Lembro-me da semifinal da Copa de 2002, entre Cor?ia e Alemanha. Estava matando aula na cantina da Faculdade, cercado de "asi?ticos". Quando saiu o gol da Alemanha, comemorei sozinho, para espanto geral. Resultados ruins da Alemanha fazem minha caixa de e-mails lotar e meu telefone tocar sem parar (como depois do empate com o Jap?o, ter?a-feira)", explica Daniel, que costuma ver os jogos sozinho, ou, no m?ximo, na companhia de seu pai, como foi na Copa de 2002.
Mas ele n?o se deixa levar pelas chatea?es dos brasileiros e diz qual a resposta que costuma dar a quem se espanta com a torcida germ?nica.
"As pessoas ficam querendo explica?es. Toda hora algu?m pergunta: 'Por que voc? torce para a Alemanha? Voc? n?o nasceu l?'. Eu respondo: 'E da?, voc? nasceu em Juiz de Fora, torce para o S?o Paulo e nunca foi ao Morumbi.' Eu conhe?o todos os jogadores da Alemanha e acompanho a Bundesliga, Enquanto a maioria dos 'torcedores' brasileiros n?o conhece mais do que cinco jogadores da Sele??o", analida Daniel.
Mais do que torcer pela Alemanha nesta Copa do Mundo, Daniel vai torcer para que o Brasil saia logo na primeira fase. Embora n?o tenha nenhum motivo especial para isso, ele tem esse desejo, mas tamb?m n?o esconde que uma final entre as duas equipes seria interessante.
"Uma revanche de 2002 seria muito legal, mas ver os favoritos voltando cedo para casa n?o tem pre?o".
Daniel nem sempre torceu pela Alemanha. Mas deixou se levar pelo bom time que foi campe?o do Mundo em 1990 e depois vice-campe?o da Euro em 1992. O que j? era um fasc?nio inicial tornou-se ainda maior depois, quando ele come?ou a perder o encanto pelo futebol do Brasil.
"Quando o Zagallo assumiu a Sele??o ap?s a Copa de 1994, comecei a achar que os "Canarinhos" eram selecionados mais por influ?ncia de empres?rios do que pelo futebol mostrado em campo. A falta de ra?a e a pregui?a disfar?ada de"genialidade" de mitos como Ronaldinho e Roberto Carlos serviu para me jogar nos bra?os da ra?a de Klinsmann, Matthaus e cia".
Paix?o "Azzura"
Diogo Britto, guitarrista do Martiataka costuma vibrar em Copa do Mundo quando entra em a??o a Squadra Azzura, como ? conhecido o time italiano. Mas n?o ? um paix?o de tanto tempo. ? coisa razoavelmente recente, por isso ele n?o precisou ouvir goza?es de brasileiros depois da final da Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.
A hist?ria de Diogo Britto com a Sele??o da It?lia come?ou no ano seguinte, quando ele e uns amigos come?aram a organizar e disputar um campeonato de videogame. Ningu?m poderia pegar o Brasil e, por isso, Diogo escolheu a It?lia.
"Pra saber qual era a melhor escala??o e os melhores jogadores, comecei a acompanhar os jogos da sele??o e o Calcio (Campeonato Italiano). Da?, foi quest?o de tempo para que eu criasse um carinho muito grande pela Azurra, e desde a Copa de 98 ela ? minha sele??o n? 1", conta o agora brasileiro mas torcedor italiano.
Ele garante que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito e logo justifica que n?o tem nada contra o Brasil e nem contra a nossa Sele??o.
"Tem gente que at? acha que eu tor?o por despeito pelo Brasil, mas n?o tem nada a ver. Sou de Juiz de Fora, mas meu time do cora??o ? o Meng?o. Sou brasileiro, mas minha Sele??o ? a italiana. Na ?poca da Copa, rola aquela rivalidade e brincadeira, mas nunca algo mais s?rio", explica de Diogo, que tamb?m acompanha sempre os jogos da Sele??o Brasileira.
"Mudo meus hor?rios de trabalho pra assistir amistosos, at? os rid?culos (Haiti, Lucerna, etc.). A verdade ? que gosto muito de assistir futebol, e a Sele??o Brasileira raramente faz partidas feias. Por isso, n?o tor?o contra nem a favor, gosto apenas de prestigiar o futebol arte. Mas, se for pra colocar minha It?lia contra o Brasil, n?o tenho d?vidas... Luca Toni pra cima desses brasileiros!", confessa.
At? por essa rela??o que possui tamb?m com a Sele??o Brasileira, Diogo n?o costuma enfrentar os mesmos problemas que Daniel, o fan?tico pela Alemanha, enfrenta. Ele at? sofre press?o, mas leva no bom humor.
"Assisto com quem estiver por perto, xingo o juiz, apoio o time e comemoro gol sem problema algum. Ali?s, ? isso o que vou fazer quando It?lia e Brasil se enfrentarem na final: ir pra um bar lotado de brasileiros, comemorar sozinho o t?tulo da minha Azurra e deixar o pouco dinheiro que tenho para minha fam?lia depois de ser assassinado por algum torcedor fan?tico!", brinca o guitarrista de 23 anos.
"Hermano" brasileiro
O assessor de imprensa Rafael Saldanha, 24 anos, consegue desagradar ainda mais os brasileiros. Al?m de torcer para um de nossos rivais, como os Diogo e Daniel, ele torce exatamente para o maior deles. As cores de Saldanha na Copa do Mundo s?o o azul e branco. A camisa listrada da Argentina que tanto incomoda os fan?ticos pelo Brasil, ? a preferida pelo jornalista, que d? o mesmo argumento dos outros torcedores para justificar sua op??o.
"Eu tor?o pela Argentina por v?rios motivos. O primeiro ? que eu acho uma bobagem se atrelar futebol ? patriotismo. Ora, os caras est?o ali muito bem pagos para jogarem futebol, ent?o eu escolho quem me der na telha. Ampliando esse racioc?nio, na teoria eu tinha que ser ferrenho torcedor do glorioso escrete do Campo Grande, j? que eu nasci naquele bairro. Al?m disso, o estilo de jogo dos argentinos me enche mais os olhos. ? bonito, aguerrido e objetivo. Nada de firulas f?teis como as dos brasileiros. Nada de tirar o p? em dividida", explica Saldanha, que recebe cr?ticas mas tamb?m leva no bom humor.
"Eu costumo brincar que eu tenho um naipe de informa?es que eu tenho que ir jogando aos pouquinhos. Quando come?o a conversar com algu?m, depois de um tempo eu aviso que sou vasca?no. Se a pessoa reagir bem, depois de mais algum tempo eu digo que sou tucano. E, se o infeliz voltar para o assunto futebol, eu conto que tor?o para a Argentina. A maioria das pessoas pilham, mas levam numa boa. O ?nico ruim ? que a minha comemora??o ? sempre solit?ria", conta Saldanha que ainda espera um t?tulo mundial argentino, depois que se converteu. Ele sabe quando foi.
"No momento exato do passe de Maradona para o Caniggia, bem nas oitavas de final da Copa de 90. O impacto daquilo na cabe?a de um moleque de nove anos foi brutal. Mas a insatisfa??o j? vinha da foto da Copa, com a m?o tampando o patroc?nio da Pepsi", explica Saldanha, revoltado com o car?ter comercial que a competi??o adquiriu.
Saldanha, que at? fez uma montagem com a camisa da Argentina em seu Orkut, n?o torce apenas pela Argentina. Ele torce tamb?m contra o Brasil e, claro, contra a Inglaterra, um dos maiores rivais que dos hermanos em todos os tempos.
"Se a Argentina for campe?, o vice pode ser at? a Costa do Marfim. N?o estou nem a?. Agora, ? l?gico que eu tor?o pela elimina??o do Brasil e da Inglaterra. E esse ano, acho que os dois ficam nas oitavas", seca Saldanha.
Gosto n?o se discute.
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