FLAVIO LATIF, RICARDO PERRONE E THIAGO BRAGA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A Polícia Civil está tentando identificar o torcedor são-paulino acusado de racismo contra um torcedor do Fluminense, neste domingo (17) à tarde, nas arquibancadas no estádio do Morumbi, durante o empate por 2 a 2 entre as equipes, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Em contato com a reportagem, Cesar Saad, delegado do DRADE (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), afirmou que um boletim de ocorrência foi registrado, e a Polícia está tentando identificar o acusado por reconhecimento facial. "Em relação à parte da Polícia Civil da investigação vai ter o inquérito policial. O Boletim de Ocorrência foi registrado. Nós estamos tentando identificar o torcedor por reconhecimento facial. A vítima foi localizada por causa do post do Twitter. A parte criminal da investigação já está em andamento esse inquérito", disse.
A ouvidoria da Polícias de São Paulo afirmou, em nota, que pediu à delegacia geral e ao comando da Polícia Militar providências em relação aos policiais que presenciaram o ato, mas não tomaram nenhuma medida.
O São Paulo afirma também ter registrado um boletim de ocorrência contra os torcedores que aparecem nos vídeos que viralizaram. Nas redes sociais, o presidente Julio Casares lamentou os casos.
"Aqui está Leônidas da Silva, nosso eterno DIAMANTE NEGRO! Desde sua sua fundação, o São Paulo F.C. é de todos e prima pelo respeito de nossos semelhantes. Após devidamente identificado, tomaremos as medidas cabíveis administrativas e jurídicas, para impedir esse agressor de adentrar as dependências do Estádio do Morumbi!", escreveu Casares, junto com uma foto de Leônidas da Silva, ídolo do São Paulo.
A acusação de racismo foi feita por um homem no Twitter com o perfil de "Brandão Fluminense". Ele postou um vídeo do torcedor do São Paulo imitando um macaco em uma das arquibancadas do estádio. "Hoje 17/07/22, fui no Morumbi assistir o jogo com uns amigos e infelizmente fui vítima de racismo pelo um torcedor do São Paulo. Não quero nada com esse vídeo, até porque sei a importância que eu tenho. Mas isso tem que acabar. RACISMO É CRIME E INFELIZMENTE AINDA EXISTE", escreveu.
Logo após a denúncia feita pela conta "Brandão Fluminense", um outro vídeo mostrando um torcedor fazendo gestos que seriam uma imitação de macaco começou a circular nas redes sociais.
No mesmo dia, o São Paulo se pronunciou em nota oficial e se colocou à disposição das autoridades para identificar o agressor. O clube do Morumbi também vai colocar o departamento jurídico para auxiliar a polícia e, caso o torcedor seja sócio, será banido do estádio. O Fluminense, por sua vez, repudiou o ato e pediu celeridade na investigação do caso.
PM DIZ QUE OFICIAIS NÃO PERCEBERAM O CASO
Além do caso de racismo, o vídeo também mostra três policiais militares passando pelo local no momento em que o são-paulino faz os gestos em direção à torcida do Fluminense. Em posicionamento enviado à reportagem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que os oficiais não perceberam que se tratava de um caso de racismo.
"A SSP informa que crimes de intolerância no esporte não podem passar impunes. A Polícia Militar esclarece que as cenas exibidas foram captadas no momento em que a equipe policial se deslocava a fim de coibir a ação de torcedores agressivos que estavam localizados em um plano mais elevado da arquibancada e não perceberam os gestos do torcedor. A Polícia Civil informa que o fato será registrado e investigado pela 6ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE). A autoridade policial analisa o vídeo para identificar o autor e a vítima e chamá-los para prestarem depoimento", disse, em nota.
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