Nesta terça-feira (25), o Julho das Pretas realiza a Marcha da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha no centro da cidade partindo da Praça da Estação com chegada em frente ao Cine-Theatro Central. O evento também conta com a participação dos movimentos organizados, artistas e manifestações culturais de referências e matriz afro.

Segundo a organização do evento, o mote da marcha é “Mulheres Negras: pelas nossas vidas e pelas nossas histórias”. Ele visa estabelecer diálogo entre vida e morte, contando de outro modo que a vida das mulheres negras, de seus filhos e filhas, de seus companheiros, ceifadas pela violência racista que se apresenta em várias formas, são cortes violentos de produção de futuros, de possibilidades de construção de uma sociedade nova.

A concentração da marcha será às 17h30 na Praça da Estação, localizada na Avenida Francisco Bernardino, 5, Bairro Centro. Em seguida a marcha segue às 18h pela Rua Halfeld, terminando em frente ao Cine Theatro Central, localizado na Praça João Pessoa, Centro de Juiz de Fora.

Feira de encerramento

Para finalizar o evento, sábado (29), a partir das 9h da manhã, haverá a Feira Julho das Pretas. A atividade, gratuita e aberta à comunidade, será realizada na Praça Antônio Carlos, até às 21h.

A integrante do Fórum 8M-JF e do “Coletivo Pretxs em Movimento”, doutoranda em Serviço Social na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Lucimara Reis, conta que a Feira de encerramento foi pensada para todas as idades: “Será uma festa na Praça com toda democracia que este tipo de atividade pode representar. Um momento de inspiração e orgulho para o povo preto. Dia de sair com sua roupa no estilo, enaltecer a cultura preta. A ideia é criar um ambiente de fortalecimento para o enfrentamento do cotidiano”. Ela conta ainda que o evento terá uma oficina de palhaçaria com Bianca Leite, brinquedos, pipoca e algodão doce para a criançada.

A Feira preta também é estratégia de resistência:“Vamos firmar tradição com a segunda edição da festa, gerando possibilidade de renda, com previsibilidade, para empreendedoras pretas, pardas e migrantes. A história das mulheres negras está intimamente ligada ao trabalhar fora e dentro de suas casas, ‘empreender’ é uma necessidade histórica, para aquelas que sempre foram forçadas à informalidade por conta da manutenção de seus lares e cuidados dos seus. A feira já conta com mais de 40 mulheres, artesanatos, alimentação, arte, feira de livros, vestuário, bebidas e trancista dentre outras expositoras.”

A Feira conta também com atrações de Rode samba, Camila Pinheiro e amigos, DJ Amanda Fei, DJ Fausto, Batuque afro brasileiro Nelson Silva, Show Duafe com as irmãs Alessandra e Aline Crispin, finalizando com sambas enredos que fizeram história com Charmosas do Tamborim.

Show inédito das irmãs Alessandra e Aline Crispim

O evento oferece também o show “Duafe”, com um encontro inédito nos palcos das irmãs musicistas Alessandra e Aline Crispim. A atividade é gratuita e também será realizada no sábado (29) às 18h, na Praça Antônio Carlos, em celebração ao Mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

A organização conta que “Duafe” é o encontro do Brasil com a sua origem, porque o Brasil também veio de África. É a manifestação do desejo pulsante por liberdade, pela vida e pelo reconhecimento da riqueza e da beleza da cultura e das histórias do povo preto, é a reafirmação da força das mulheres negras. O show é a celebração do talento das irmãs Alessandra e Aline Crispim, mulheres pretas juiz-foranas que trazem na música a expressividade herdada no sangue e nas origens ancestrais.

“Nascemos do ventre da Mãe África e ao retornarmos às nossas origens um novo mundo nos é apresentado”, pontuam. Para o repertório, as irmãs Aline e Alessandra reuniram canções especiais, imortalizadas por mulheres pretas e por artistas pretos, além de seus trabalhos autorais. Sandra de Sá, Dona Ivone Lara, Elza Soares, Jorge Aragão, Gilberto Gil são alguns dos nomes homenageados.

Duafe é um símbolo Adinkra africano que significa pente de madeira, comumente usado pelas mulheres tanto para pentear os cabelos quanto para prendê-los também. Para os povos Akans, Duafe representa a beleza da mulher africana, assim como as qualidades trazidas como femininas (amor eterno, carinho, paciência, prudência). De forma mais coletiva, este símbolo nos convida a olhar com mais atenção e cuidado para a beleza interior do ser.

O Julho das Pretas

O Julho das Pretas é composto por um mês inteiro de atividades. Consiste em um momento de reflexão dos processos vividos por essa parcela da população, bem como avanços, desafios e formas de enfrentamento à exploração e opressões de gênero, raça e classe.

Organizado pelo Fórum de Coletivos e Mulheres Feministas de Juiz de Fora (Fórum 8M-JF), em parceria com outros coletivos e organizações de mulheres negras da cidade, o Julho das Pretas - 2023 teve início em 30 de junho e vai até 29 de julho. Toda a programação do evento tem entrada franca e foi construída coletivamente ao longo dos meses de março, abril e maio, visando à valorização das mulheres pretas, o seu bem viver e o bem viver de seus filhos. Confira os detalhes no Instagram do Fórum 8M-JF.

Nesta edição o “Julho das Pretas” conta com o apoio do “Edital Quilombagens” do Programa Cultural Murilo Mendes, mantido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e gerido pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa). A “Caminhada Juiz de Fora Negra - Especial Julho das Pretas - 2023” conta ainda com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Juiz de Fora.

Canva - Edição Quilombagens

Tags:
arte | Cultura | mulher | Mulher Negra | mulheres | mulheres negras | Negra


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!

COMENTÁRIOS: