Como nossos pais
Rep?rter: Emilene Campos
10/08/01
H? uma grande cobran?a para que os pais sejam mais participantes, que auxiliem na
educa??o dos filhos, que sejam mais carinhosos. Quem nunca fez ou ouviu esse
tipo de queixa? Hoje em dia, isso ? cada vez mais comum, j? que o conceito de
pai-provedor ainda ? forte, mas muito bombardeado. A fun??o de sustentar os filhos
n?o ? mais sua exclusividade, j? que a mulher, na maioria das vezes, tamb?m
trabalha fora. Se no passado, o cuidado e a educa??o dos filhos ficavam em
suas m?os, agora a tarefa deve ser dividida, embora muitos homens ignorem
esta necessidade. Parece estranho falar disso em pleno s?culo vinte um, mas o fato ? a omiss?o e a falta de envolvimento na educa??o dos filhos ? um
problema freq?ente nos consult?rios, de acordo com os psic?logos Eduardo Calil e
Miriam Bisagio. Para Calil (foto acima), isso acontece porque apesar dos conflitos
corriqueiros nessa rela??o, os filhos repetem de alguma forma a
postura de seus pais. Uns mais, outros menos. "Quando h? espa?o para o di?logo, as gera?es evoluem. Do contr?rio, os erros
v?o sendo repetidos", opina.
Miriam Bisagio (foto) explica que h? pais que at? notam o problema,
mas n?o sabem como resolver. Em outros casos, ? a m?e que ajuda a
alimentar esta situa??o. "J? ouvi muitas m?es dizerem que seus maridos n?o
d?o aten??o aos filhos. Mas elas n?o abrem espa?o para que ele a ajude. Apenas o critica", esclarece Calil. Miriam acha que n?o ? a m?e que deve abrir passagem, mas o homem que deve
conquistar seu lugar na vida dos filhos. Nesse caso, a mulher pode
ajudar o homem a ser um pai melhor e estimular o desenvolvimento da
rela??o.
Por?m, ela adverte: "A cabe?a da crian?a n?o ? um laborat?rio". Por isso, se a m?e n?o tem confian?a de que a
atitude do pai vai dar certo, ? melhor que ela assuma as r?deas.
"O pai chega com uma id?ia, mas n?o sabe lidar com os resultados e as
frustra?es". Se ela delegar e depois tiver que corrigir ser? pior para a
crian?a.
Rela??o pai e filho ? sustentada pelo conflito
O psicanalista Antenor Salzer Rodrigues (foto) explica que o pai ? temido e admirado porque ele
representa a lei e o modelo para o filho. "Jacques Lacan fala do decl?nio da
imago (ideal) paterna no mundo p?s-moderno, mas enfatiza tamb?m, que a imago
paterna ? sempre o centro do conflito que institui o indiv?duo como
sujeito". Segundo ele, a rela??o entre pai e filho ser?
sempre capenga, insatisfat?ria conflitante.
? muito comum ouvir que h? conflitos de gera?es. Para Antenor n?o h?
conflitos de gera?es, mas de rela?es. "Sempre foi assim, nosso mundo
p?s-moderno pode alterar ou enfraquecer alguns aspectos desta rela??o
fundamental, mas ela continua conflituosa. E ? bom que seja assim",
argumenta o psicanalista.
Miriam Bisagio concorda com Antenor. Ela at? cita o filme o Paiz?o para
explicar que pessoas com valores diferentes dos filhos podem ser bons
educadores. Ele faz e observa os resultados e vai corrigindo os erros ao
longo do curso.
Terapia de pai para filho
Quando o filho fala que vai largar a terapia, o pai interfere. E at? come?a
a fazer sess?es tamb?m para incentivar o filho. "? pouco, mas j? uma vit?ria.
? sinal de que ele acha que est? acontecendo algo errado e que ele tem que
ajudar o filho" comemora.
Pai de fam?lias
Se para alguns homens j? ? dif?cil se envolver com a educa??o dos filhos que
moram em sua casa. Imagine quando ele ? refer?ncia para mais de uma fam?lia.
Essa situa??o cada vez mais comum ? encarada por Calil como perigosa.
Sem falar do ci?me que pode ocorrer.
"Quando mais ele se divide, mais fraca fica a no??o de limite, da lei. E o
filho precisa disso", enfatiza. Para que isso n?o aconte?a, ? necess?rio que
pai e m?e se desdobrem, no sentido de desenvolver ao m?ximo a autonomia dos
filhos: o chamado pai interno. O que deve ser estimulado na inf?ncia e
adolesc?ncia. Depois deste per?odo, o caso fica mais complicado.
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Como nossos pais
Rep?rter: Emilene Campos
10/08/01
H? uma grande cobran?a para que os pais sejam mais participantes, que auxiliem na
educa??o dos filhos, que sejam mais carinhosos. Quem nunca fez ou ouviu esse
tipo de queixa? Hoje em dia, isso ? cada vez mais comum, j? que o conceito de
pai-provedor ainda ? forte, mas muito bombardeado. A fun??o de sustentar os filhos
n?o ? mais sua exclusividade, j? que a mulher, na maioria das vezes, tamb?m
trabalha fora. Se no passado, o cuidado e a educa??o dos filhos ficavam em
suas m?os, agora a tarefa deve ser dividida, embora muitos homens ignorem
esta necessidade. Parece estranho falar disso em pleno s?culo vinte um, mas o fato ? a omiss?o e a falta de envolvimento na educa??o dos filhos ? um
problema freq?ente nos consult?rios, de acordo com os psic?logos Eduardo Calil e
Miriam Bisagio. Para Calil (foto acima), isso acontece porque apesar dos conflitos
corriqueiros nessa rela??o, os filhos repetem de alguma forma a
postura de seus pais. Uns mais, outros menos. "Quando h? espa?o para o di?logo, as gera?es evoluem. Do contr?rio, os erros
v?o sendo repetidos", opina.
Miriam Bisagio (foto) explica que h? pais que at? notam o problema,
mas n?o sabem como resolver. Em outros casos, ? a m?e que ajuda a
alimentar esta situa??o. "J? ouvi muitas m?es dizerem que seus maridos n?o
d?o aten??o aos filhos. Mas elas n?o abrem espa?o para que ele a ajude. Apenas o critica", esclarece Calil. Miriam acha que n?o ? a m?e que deve abrir passagem, mas o homem que deve
conquistar seu lugar na vida dos filhos. Nesse caso, a mulher pode
ajudar o homem a ser um pai melhor e estimular o desenvolvimento da
rela??o.
Por?m, ela adverte: "A cabe?a da crian?a n?o ? um laborat?rio". Por isso, se a m?e n?o tem confian?a de que a
atitude do pai vai dar certo, ? melhor que ela assuma as r?deas.
"O pai chega com uma id?ia, mas n?o sabe lidar com os resultados e as
frustra?es". Se ela delegar e depois tiver que corrigir ser? pior para a
crian?a.
Rela??o pai e filho ? sustentada pelo conflito
O psicanalista Antenor Salzer Rodrigues (foto) explica que o pai ? temido e admirado porque ele
representa a lei e o modelo para o filho. "Jacques Lacan fala do decl?nio da
imago (ideal) paterna no mundo p?s-moderno, mas enfatiza tamb?m, que a imago
paterna ? sempre o centro do conflito que institui o indiv?duo como
sujeito". Segundo ele, a rela??o entre pai e filho ser?
sempre capenga, insatisfat?ria conflitante.
? muito comum ouvir que h? conflitos de gera?es. Para Antenor n?o h?
conflitos de gera?es, mas de rela?es. "Sempre foi assim, nosso mundo
p?s-moderno pode alterar ou enfraquecer alguns aspectos desta rela??o
fundamental, mas ela continua conflituosa. E ? bom que seja assim",
argumenta o psicanalista.
Miriam Bisagio concorda com Antenor. Ela at? cita o filme o Paiz?o para
explicar que pessoas com valores diferentes dos filhos podem ser bons
educadores. Ele faz e observa os resultados e vai corrigindo os erros ao
longo do curso.
Terapia de pai para filho
Quando o filho fala que vai largar a terapia, o pai interfere. E at? come?a
a fazer sess?es tamb?m para incentivar o filho. "? pouco, mas j? uma vit?ria.
? sinal de que ele acha que est? acontecendo algo errado e que ele tem que
ajudar o filho" comemora.
Pai de fam?lias
Se para alguns homens j? ? dif?cil se envolver com a educa??o dos filhos que
moram em sua casa. Imagine quando ele ? refer?ncia para mais de uma fam?lia.
Essa situa??o cada vez mais comum ? encarada por Calil como perigosa.
Sem falar do ci?me que pode ocorrer.
"Quando mais ele se divide, mais fraca fica a no??o de limite, da lei. E o
filho precisa disso", enfatiza. Para que isso n?o aconte?a, ? necess?rio que
pai e m?e se desdobrem, no sentido de desenvolver ao m?ximo a autonomia dos
filhos: o chamado pai interno. O que deve ser estimulado na inf?ncia e
adolesc?ncia. Depois deste per?odo, o caso fica mais complicado.