Quem diria, pandemia
Tempo de pandemia. Quem diria que o cenário dos filmes de apocalipse chegaria tão cedo e bateria à nossa porta? Não daqui a cem anos, ou no próximo milênio, mas agora, justo agora.
Naquela segunda feira, 16 de março de 2020, saí da casa dos meus pais, por volta das 19 horas, dei um beijo na bochecha da minha mãe e disse: "te amo. Obrigada." Eu estava buscando o meu filho que havia passado a tarde com ela para que eu pudesse ir à Universidade. Dei um beijinho mais de lado na minha irmã e um tchau chamando-a pelo apelido carinhoso, Lalá. Peguei as bolsas e meu pai levou o neném no colo até o carro, assim que o coloquei na cadeirinha também beijei meu pai, disse: "tchau, te amo", liguei o carro e parti.
Chegando em casa, já noite avançada, eu li os comunicados das instituições de ensino e demais órgãos informando da suspensão das atividades e passando a orientação de quarentena. Ficaríamos sem nos ver.
Na terça-feira, quarta, fez pouca diferença. Mas a semana vai correndo, os dias se arrastam, o medo do contágio é grande, porque, na verdade, é o medo da morte, da distância, de não abraçar nunca mais.
Então resolvi me lembrar da forma como me despedi das pessoas que eu mais amo no mundo e meu coração se encheu de paz.
Depois desse exercício que me confortou, olhei para o meu filho e pensei o quanto tenho sorte de estar em casa com ele. Apesar do cansaço, do estresse, do esgotamento de atividades e criatividade zero... Tem coisa boa também, sabe?
Muitas vezes a gente se pega dando voz aos sentimentos e é tão difícil alguém para nos entender e acolher, que acaba parecendo que o lugar de fala é uma licença pra reclamar - é também. Mas em tempos de pandemia, quem pode ficar em casa com seu filho embaixo da asa só tem motivos para agradecer. Dizer palavras de amor, abraçar, sentir o prazer de estar junto, viver e esperar pelo dia seguinte.
Mamães, aguentem firme. Vai passar.
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