Grupo de mamães no Facebook é usado para troca de experiência em JF

Página Gestantes e Mamães possui mais de 11.500 curtidas e o grupo fechado 1.388 integrantes

Angeliza Lopes
Repórter
27/08/2016
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Viver a maternidade é um dos momentos mais desafiadores e especiais da vida de uma mulher. O apoio da família é essencial, mas nem sempre possível. Por isso, muitas mães se veem sozinhas nesse momento de questionamentos e descobertas, equacionando em seu íntimo as dúvidas e medos. Mas, as redes sociais têm alterado essa realidade. Com a quebra de barreiras dentro do mundo virtual, a aproximação por afinidade dos pares auxilia na criação de redes de apoio para gestantes e mães de primeira viagem. Exemplo disso é a página e grupo fechado no Facebook 'Gestantes e Mamães' de Juiz de Fora.

Idealizada pela executiva de vendas Priscilla Sobrinho, a página criada há três anos possui mais de 11.500 curtidas e o grupo fechado 1.388 integrantes. A ideia, que nasceu da necessidade de captação de clientes para o produto do laboratório em que Priscilla trabalha, tornou-se um meio para a aproximação de mulheres com um diálogo comum: bebês. “No início, a página chamava 'Gestantes Juiz de Fora'. Com a ideia de engravidar, comecei me inteirar mais sobre este mundo e postar dicas de alimentação e orientações diversas. Já quando descobri que estava grávida, criei um grupo fechado para que as mães tivessem mais privacidade para interagir, partilhar vivências, dúvidas e aconselhamentos”, explica.

A proposta deu tão certo que as integrantes começaram se apoiar e criar vínculo através de conversas pela internet. “As mães pediam opiniões para tudo. Desde indicação de pediatra até endereço de loja para comprar cinta modeladora. Com três meses de gravidez, comecei a fazer hidroginástica e tentei parceria com uma academia para aulões direcionados para gestantes a cada 15 dias. Joguei no grupo e muitas começaram a ir.”, conta a administradora da página, que logo depois marcou o primeiro encontro no formato de piquenique no Parque da Lajinha. A partir de então, a barreira dos computadores foi quebrada e as amizades também se tornaram presenciais.

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Partilha entre mães

A nutricionista Íris Dalston esteve no encontro, onde pode criar seus primeiros vínculos com outras mamães, já que tinha se mudado do Rio de Janeiro há poucos meses. “Quando vim para Juiz de Fora, minha filha tinha somente um mês de vida. O grupo me possibilitou uma aproximação com novas pessoas e, até mesmo, com a cidade. Me abriu portas”, diz, lembrando que foi apresentada para página pela cunhada antes mesmo de se mudar, se tornando colaboradora com postagem de assuntos da sua área. Natural de Salvador, a bancária Juliana Nunes mora no município há oito anos, mas também não tinha muitas amizades na mesma fase que está passando. “Longe da família, procurei o grupo para ter indicações e referências sobre enxoval, clínicas, exames e médicos. Conheci algumas das meninas no curso de gestantes publicado na página”, lembra.

Mãe do Arthur, de 4 meses, Juliana afirma que a interação com mamães através das redes sociais é muito importante, pois possibilita a aproximação, também fora das telas, de grupos que passam pelo mesmo momento, dificuldades, conquistas e formas de pensar. “O conhecimento que temos hoje não é o mesmo das nossas mães, sogras e tias. Por isso, queremos trocar ideias com pessoas que vivenciam este período com mesmo acesso à informação que nós temos”, relata. Além da diferença de gerações, as gestantes também buscam amizades que possam dividir as angústias e alegrias de todos os dias. “Nos primeiros meses, eu amamentava de 2 horas em 2 horas. Ela não dormia bem. Ficava acabada!”, lembra, Íris.

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Os desabafos e partilhas também fazem parte do cotidiano das Gestantes e Mamães. As palavras amigas, até de madrugada na hora das mamadas, fizeram toda a diferença para a Liseane Ribeiro, mãe de um menino, de 11 anos, e de uma menina de um ano e nove meses. “Graças a Deus tenho amizade com todas as meninas. É como se nos conhecêssemos a tempos! Ajuda e muito, porque é difícil ter uma mãe amiga por perto e na rede social sempre tem alguém que pode te ajudar na hora que estamos precisando”, enfatiza.

Desabafos de Mães

Para ampliar este laço entre as gestantes e mamães, há seis meses, depois de pequenos encontros entre algumas integrantes do grupo do Facebook, Priscilla e outras quatro mamães: Mônely, Juliana, Elenice e Fernanda, já com seus bebês com idades entre um mês e dois anos, criaram no WhatsApp o grupo Desabafo de Mães. No espaço, elas interagem a todo momento.

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Com a aproximação, muitas mães já se relacionam independente da página, com pequenos encontros. Para motivar maior interação e primeiro contato de muitas integrantes, a administradora do grupo decidiu fazer o primeiro 'Encontrão de Mães' na véspera do Dia das Crianças, 11 de outubro. “O evento já está um sucesso. Já temos 200 mães interessadas em participar com seus bebês. Vamos fazer abadás, sorteio de prêmios e muita coisa boa. Será o primeiro evento nestes moldes em Juiz de Fora!”, detalha.

Novas experiências

Quando engravidou, a estudante de psicologia Ellen Dôse Dornelas começou a procurar nas redes sociais grupos de doulas - mulheres que dão suporte físico e emocional a gestantes antes, durante e após o parto, para fazer seu parto em casa. A partir destas buscas que conheceu a página Gestantes e Mamães. “Quando se está grávida, tem-se medo é muitas dúvidas, especialmente na primeira gestação. Aprendi bastante lendo as respostas nos posts de outras meninas e depois que meu bebê nasceu, publiquei algumas dúvidas e essa troca de experiências é muito enriquecedora e tranquilizadora”, destaca a mãe do Benício, de 4 meses.

Priscilla também encontrou carinho e muito afeto ao compartilhar com as mamães dos grupos a história do seu menino Antonio. Depois de uma gravidez interrompida após um ano tentando, a executiva de vendas conseguiu engravidar novamente. Com três meses de gestação ela descobriu a possibilidade do bebê nascer com Síndrome de Down. “Durante a gestação não contei para nenhuma das meninas e mesmo com todo este período turbulento, não consegui abandonar a página. Passei a me sentir responsável. Depois que o Antonio nasceu, contei sua história. Tive um retorno de muito carinho. Muitas me agradecem”.

fotoAo dividir sua experiência e postar fotos com seu bebê, ela conta que conseguiu motivar outras a tratar o assunto com mais naturalidade. “A minha fotógrafa disse que teve uma cliente que desistiu de tirar fotos do seu bebê quando descobriu que ele teria Síndrome de Down. Muitas ficam perdidas sem saber o que fazer. Mas, tento passar um outro olhar para as mães”, completa.

Psicóloga avalia importância do apoio entre mães

A psicóloga especializada em terapia cognitiva comportamental Mariana Fonseca Maia analisa que a maternidade é um processo extremamente novo na vida de uma mulher. Não importa se foi planejada, desejada ou inesperada, quando acontece, vem acompanhada de uma série de transformações psicológicas, físicas, de rotina, entre outras, já desde o período da gestação e, principalmente, após o nascimento do bebê. “Neste cenário, a aproximação de outras mulheres que estão passando ou que já passaram por esta experiência acaba tornando-se uma fonte de trocas, um espaço para falar tudo que necessitam sobre a gestação e a maternidade e até mesmo sobre outros assuntos”.

A especialista complementa que esse contato entre as mães gera em cada uma um sentimento diferente. Algumas se sentirão amparadas, outras mais seguras, outras empoeiradas, outras, fonte de apoio. “Acredito que o mais importante é a percepção de que a maioria daquelas mães, senão todas, também enfrentou os mesmos obstáculos e conseguiram vencê-los. Isso porque a maternidade, mesmo com todos os seus pontos positivos, é também um desafio árduo e, nessas horas, contar uma palavra de conforto de quem passou pela mesma experiência, faz toda diferença”

A sensibilidade da mulher se acentua nos primeiros meses de vida do bebê com todas as mudanças ocorridas, alterações hormonais, a chegada do filho e sua demanda intensa, a modificação do corpo, os incômodos do pós-parto, a falta de noites bem dormidas, os possíveis desafios da amamentação, entre outras. Com isso, a psicóloga afirma que as presenças de crises de choro, alterações do humor, sentimento de insegurança são muito comuns nos primeiros meses pós gestação.

“Sendo assim, uma rede de trocas de experiências e apoio pode ser fundamental neste momento e a mulher acaba percebendo que tudo isso é um processo natural e que logo vai passar. É mais uma fonte para amenizar essas mudanças e ajudar para que não se prolonguem e intensifiquem, tornando uma depressão pós-parto”.

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