Sábado, 22 de setembro de 2018, atualizada às 9h44

Engenheiras civis oferecem oficinas de pintura de casa e elétrica para mulheres

Angeliza Lopes
Repórter

Associar a capacidade de fazer determinadas atividades ao gênero já não cabe mais nos tempos atuais. Se a tomada estraga, o chuveiro ou lâmpada queimam, ou vários outros reparos se tornam necessários dentro de uma casa, não é mais o fato de ser homem ou mulher que vai definir se teremos como resolver o problema, ou não. Mas, mesmo sabendo disso, muitas mulheres ainda se sentem inibidas em realizar ou delegar esse tipo de tarefa, seja por acharem que não são capazes, ou, até mesmo, por não terem aprendido com alguém. Para quebrar mais uma vez este paradigma, as sócias e engenheiras civis Carolina Lacorte e Olívia Gomes, criaram oficinas práticas para ensinar outras mulheres a fazerem pequenos reparos e pintura dentro de casa.

Olívia conta que, como em toda construção civil no país, elas se depararam com o problema da desqualificação da mão de obra. “Por isso, oferecemos um curso de mestre de obras gratuito no bairro São Geraldo, para capacitar os interessados em trabalharem na área. Nosso objetivo era fazer curso para homens mesmo, não tinha restrição, mas era o que a gente contava. Treinamos 30 alunos, mas, ao mesmo tempo, muitas mulheres nos procuraram, entre clientes e amigas, interessadas na capacitação”. Ela detalha que muitas relatavam que já tinham passado raiva na hora de contratar serviço ou dependiam do marido para pintar casa. “Absorvemos essa demanda e criamos oficinas voltadas para elas”.

Mulheres passam a chefiar a casa

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que elaborou o estudo Estatísticas de Gênero, em 2000, as mulheres chefiavam 24,9% dos 44,8 milhões de domicílios particulares. Em 2010, 38,7% dos 57,3 milhões de domicílios registrados já eram comandados por mulheres. Segundo a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), em mais de 42% destes lares, a mulher vive com os filhos, sem marido ou companheiro.

Os dados mostram que a estrutura familiar dentro das casas está mudando, e, com isso, essas mulheres estão se reorganizando em suas rotinas. Exemplo disso, é a gerente de locações Aline Gercia, que teve como inspiração sua mãe. “Sempre fiz e faço reformas e reparos dentro da minha casa. Aprendi isso com a minha mãe que sempre colocou a mão na massa e fez acontecer. Ela nunca teve medo de consertar, pintar e até reformar coisas. Vejo que nós mulheres podemos fazer tudo o que quisermos”, enfatiza Aline, que participou da última oficina de pintura das engenheiras.

As sócias Olívia e Carolina também tiveram dentro de suas famílias uma formação empoderada. “A mãe e a tia da Carolina fazem tudo dentro de casa, inclusive, montaram o nosso escritório. Já lá em casa, quando minha irmã foi morar em Viçosa, meu pai ensinou a ela tudo sobre manutenção da casa". Olívia conta que a quebra de paradigmas começou na carreira das duas quando entraram no curso de Engenharia Civil da UFJF. "Apenas 10% da turma era mulher".

“Tivemos que nos reinventar para trabalhar em um cenário quase 100% masculino e nas nossas oficinas nos deparamos com tantas outras mulheres que estão fazendo o mesmo para serem respeitadas em outras profissões, ou, até mesmo, dentro de casa. É muito gratificante saber que estamos fazendo algo para ajudar a torna o mundo mais igual”.

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