Jussara Haddad Jussara Hadadd 11/10/2007

Avisa l? que eu vou...

N?o tem jeito mesmo, n?? A mulherada est? com a cabe?a virada. Ainda bem! J? n?o era sem tempo de as garotas entenderem que a vida n?o acaba porque se amadurece e nem porque se envelhece. Estava na hora mesmo de as meninas entenderem que a vida s? acaba quando a gente morre e que n?o se morre antes de morrer e que s? se enterra quem j? morreu!

Santo Deus, quanta gente enterrada viva em conceitinhos tacanhos. E o pior ? que n?o ficam nem em formol, mas em tinas de vinagre e daquele vinagre dos mais azedos.

Ainda bem que j? existe uma turminha por a? tentando provar que n?o vale ? pena viver assim. Que podemos ser novos e felizes enquanto quisermos.

Que mania ? essa gente de achar que velho (com todo o respeito que a palavra merece), n?o pode mais amar? Amar = namorar = beijar na boca = transar, t? gente? Que coisa ? essa? Outro dia ouvi uma dign?ssima senhora expressar sua indigna??o ao presenciar um casal maduro (45 anos em m?dia) e apaixonado, beijando-se na boca. "Coisa mais feia do mundo, que eu acho, ? "velho" beijando na boca", dizia ela. E outras tantas em volta faziam coro.

N?o tem idade pra isso n?o gente! O corpo pede e a gente tem que atender sen?o adoece. Literalmente falando. E pior, adoece quem est? em volta tamb?m.

J? se foi e bem longe o tempo em que era chique e elegante a mulher negar seus instintos sexuais e fornecer seus maridos para os bord?is, para as casas de toler?ncia e para as amantes caridosas fazendo de contas que nada acontecia desde que a sociedade n?o soubesse. J? se foi tamb?m, o tempo em que a mo?a direita namorava at? as nove e meia da noite e depois liberava o rapazinho para que ele descarregasse suas energias com as mariposas liberadas.

Pessoal, segundo a OMS, sexo hoje em dia ? fator respons?vel pela qualidade de vida das pessoas. Libera endorfinas, adrenalina e serotonina que s?o subst?ncias respons?veis pelas sensa?es de bem estar, as quais precisamos para aliviar o estresse e evitar as doen?as e os sintomas que apresentamos quando da somatiza??o por desequil?brios emocionais que cada dia mais e mais assolam as mulheres maduras, sozinhas e at? mesmo as (mal) acompanhadas.

Que neg?cio ? esse de viver dizendo pra quem quiser ouvir que j? n?o precisa mais disso, que j? passou desse tempo, que n?o quer saber de homem, que isso ? coisa de devassa, e viver por a? de consult?rio em consult?rio procurando m?dicos e terapeutas, com dores de coluna, dores de cabe?a, dores de est?mago, dores na alma e tantas outras dores das quais as mulheres que se negam ao prazer vivem a se queixar.

O que ? que tem gente, ter mais de 50 ou 60 anos e ainda pensar e querer "aquilo"? "Aquilo" gera uma ilus?o gostosa da qual n?o podemos abrir m?o. A ilus?o de que somos imortais. A ilus?o de que somos belos e ?nicos. A ilus?o que nos faz partir para as conquistas da vida e a mesma ilus?o que nos mant?m de p?, bem dispostos e em constante busca por uma vida melhor. "Aquilo" nos faz sonhar e acreditar em dias melhores.

J? ouviram dizer de alguma senhora que vivera uma rela??o de 50 anos, com um homem s? e dentro desta vida se apresentava sempre pacata, s?ria, triste e insatisfeita e que de repente enviuvou e, quando ningu?m esperava, apareceu de casamento marcado com o seu "Jo?o" da padaria da esquina, que tamb?m enviuvara. E agora, os dois s? pensavam em aproveitar a vida. E ela, come?ou a freq?entar sal?o de cabeleireiro, lojas de roupas mais coloridas, passou a conversar com as vizinhas e de um modo geral se mostra mais feliz.

E aquela que abdicou da pr?pria vida para cuidar da m?e, que nem doente era, at? que ela morresse aos oitenta e cinco anos. E durante toda a sua vida se declarou ilibada! "Eu, hein, estas coisas nem passam pela minha cabe?a". E n?o menos de repente que a senhora do caso anterior, aparece namorando, toda alegrinha j? com seus quase 60 anos e disposta a tudo o que a vida puder lhe dar bom. C? entre n?s: N?o queria saber, hein? Sei! Todas as pessoas que foram vitimas de suas cr?ticas e maldades que o digam.

N?o precisamos ir t?o longe n?o! Mulheres com 35, 40 anos de idade fazem isto tamb?m. Abrem m?o deste tipo de felicidade por puro preconceito, por m? cria??o e por acreditarem que se ? melhor e que se tem mais valor assim. Os conceitos morais s?o baseados em modelos de comportamento absurdamente loucos. Imoral ? n?o ser feliz. Imoral ? falar mal de quem quer ser feliz. A verdadeira moral come?a com o respeito por si pr?prio, com o cuidado que se toma com o seu corpo, com os seus pensamentos e com as suas atitudes visando n?o prejudicar as pessoas a sua volta.

Reparem s? uma coisa: Existem senhoras e senhoras.

Existem aquelas senhoras que implicam com tudo, se queixam de tudo, n?o saem de casa, incomodam a fam?lia de todas as maneiras, vivem de roupas cinza e beges, com os cabelos brancos e sem um batonzinho sequer e pior, contando os dias que faltam para partirem "dessa pra outra vida", sem nenhuma fantasia e nenhuma ilus?o. Por outro lado, existem aquelas que d?o tudo por uma festinha a mais. Freq?entam bailes, dan?am, namoram, se arrumam, telefonam para as amigas, promovem encontros para ch?s e lanches, ajudam nas casas de caridade, olham os netos, trabalham e por a? vai.

O que ser? que tem de diferente na vida dessas senhoras? Pode ser o sexo sim! Pode ser que esta senhora toda animadinha ainda se permita uns beijinhos, uns amassos e uma boa e gostosa transa com o seu companheiro seja ele seu marido ou seu namorado ou algum senhor "bacan?o" que ela conheceu no ?ltimo baile.

O qu?? Que pouca vergonha. Isso ? coisa de velha assanhada. ?, mas voc? j? ouviu dizer que normalmente criticamos as pessoas as quais gostar?amos de ser? Com as quais nos identificamos intimamente e invejamos sua coragem na maneira como conduzem a sua vida?

Que terapeuta sem vergonha essa! S? pensa "naquilo"? Ah, mas cada um faz a sua parte, e a minha, gra?as a Deus, ? esta!

Grande abra?o.


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Jussara Hadadd ? terapeuta hol?stica,
especializada em sexualidade
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