SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Provavelmente o mais famoso dos colaboradores da invasão russa da Ucrânia, Kirill Stremousov, morreu nesta quarta (9) em Kherson, no sul do país. Ele tinha 45 anos.

A causa oficial da morte foi um acidente de carro em Henitchesk, cidade portuária da região em que Stremousov servia como número 2 da administração civil-militar liderada por Vladimir Saldo.

Poucos irão acreditar na versão, dado o grau de animosidade que o político provocava no país. Ele estava na lista de procurados do serviço secreto de Kiev por traição, o que sugere alguma forma de ataque.

Kherson é uma das quatro áreas anexadas pelo presidente Vladimir Putin em 30 de setembro, ato não reconhecido pela comunidade internacional e que enfrenta dificuldades práticas: cerca de 40% de Donetsk e trechos de Kherson e Zaporíjia não estão sob controle russo.

Mais: em Kherson, Moscou recuou tropas e evacuou civis da capital homônima, visando uma batalha que tem sido vendida como decisiva pelos dois lados na guerra iniciada em 24 de fevereiro.

Stremousov era um economista nascido na região de Donetsk e fez carreira como empresário do setor de peixes. Aos poucos, radicalizou-se politicamente, assumindo posições contrárias ao governo central em Kiev depois da anexação da Crimeia, em 2014, e da guerra civil no Donbass -o leste russófono composto por Donetsk e Lugansk.

Em 2020, perdeu a eleição para prefeito de Kherson e, no ano seguinte, juntou-se ao partido radical pró-Rússia Derjava. Com a invasão, foi um dos primeiros organizadores do comitê de apoio às forças russas na cidade, a principal conquistada na fase inicial da guerra.

Com isso, virou persona non grata de vez em Kiev, com a cabeça a prêmio, e é alvo constante da mídia ucraniana devido a suas posições radicais -seu chefe, Saldo, apesar de também ser visto como um traidor ucraniano, é conhecido por alguma moderação.

Ao longo da guerra, algumas figuras locais associadas aos invasores foram assassinadas ou morreram em combate, mas Stremousov é a de maior destaque a morrer até aqui, restando saber a natureza do acidente que o vitimou. Em um outro episódio notório, um negociador ucraniano que participava das reuniões visando encerrar o conflito com os russos em Belarus foi executado em Kiev.


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