LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) - A chuva recorde na região metropolitana de Lisboa deixou um rastro de destruição e problemas nesta terça-feira (13), com ruas alagadas, carros arrastados pela força das águas, estradas fechadas e circulação de linhas de trem e metrô interrompida.
Ainda no começo da manhã, o prefeito da capital, Carlos Moedas, pediu que os lisboetas evitassem sair de casa ao longo do dia. A Proteção Civil de Portugal fez um alerta semelhante, estendido também para outras regiões do país onde houve precipitação intensa.
Embora praticamente todo o território português esteja sob alerta, a região de Lisboa concentrou o maior número de incidentes documentados.
"Temos muitas zonas da cidade que estão em estado de catástrofe", disse Moedas. Por conta das limitações de circulação, várias escolas e universidades cancelaram as aulas. Várias empresas encerraram as atividades ou permitiram que os funcionários trabalhassem em esquema de home office.
Dados do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) divulgados ao jornal Expresso indicam que nunca na série histórica choveu tanto em Lisboa em um período de 24 horas.
No começo da tarde desta terça, várias vias importantes da capital permaneciam com a circulação interrompida ou limitada. A chuva, intensa na madrugada, prolongou-se durante todo o dia. A previsão é de que o tempo chuvoso perdure no país.
Esta é a segunda vez, em menos de uma semana, que as chuvas intensas causam estragos no país. Na última quinta-feira (8), outra tempestade já havia causado muitos danos. Na ocasião, as chuvas fortes coincidiram ainda com a alta do rio Tejo. No município de Algés, na grande Lisboa, uma pessoa morreu por conta da enchente.
Embora nas chuvas desta semana ainda não haja registro de mortes, os prejuízos materiais se acumulam. Inundações em casas e estabelecimentos comerciais provocaram estragos em vários pontos do país. Em Lisboa, o bairro de Alcântara foi um dos mais afetados. Várias ruas ficaram completamente alagadas.
Instalado no tradicional bairro, o restaurante A Coxinharia amanheceu alagado pela segunda vez em pouco mais de uma semana. O empresário brasileiro Glauco Junqueira, que ainda contabilizava os prejuízos da primeira inundação, agora corre para limpar o espaço e tentar garantir a volta das operações, ainda que em condições precárias.
Dona de um estúdio de beleza e estética no Cais Sodré, no centro de Lisboa, a catarinense Keisy Lyra também enfrenta prejuízos por conta da chuva. Ainda que a água não tenha danificado as instalações, ela teve que cancelar toda a agenda do dia, uma vez que a circulação na cidade está impossibilitada.
Além do prejuízo financeiro, Lyra conta que também temeu por sua segurança. Na tempestade anterior, ela viu o carro ficar cercado pela água enquanto fazia o trajeto de volta para casa. "Achei que era só uma chuva forte, mas normal. Eu não tinha noção de que ia tomar a proporção que tomou. O limpa-vidros do carro não dava conta. Os carros estavam todos passando a 20 km/h, por conta da água. Eu fiquei apavorada", relata.
A falta de comunicação das autoridades foi uma das grandes críticas dos especialistas. Nesta semana, a Proteção Civil enviou mensagens de texto com alertas sobre as chuvas intensas, em português e em inglês, à população.
O prefeito de Lisboa afirma que, embora a cidade enfrente problemas de enchentes há vários anos, o aumento da frequência dos episódios também esta relacionado às mudanças climáticas. "Temos de nos preparar para fazer mudanças estruturais na cidade", afirmou Moedas.
Especialistas em planejamento urbano pedem que a capital portuguesa tire do papel alguns projetos para melhorar a capacidade de escoamento da água das chuvas. A previsão da Câmara Municipal, equivalente à Prefeitura, é de que as obras de construção de novos túneis de drenagem comecem em março de 2023.
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