SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Eu um cenário anunciado havia meses, o regime que comanda Burkina Fasso pediu, e a França aceitou, nesta quarta-feira (25), retirar suas tropas do país do país do Sahel africano no prazo de um mês.

A uma emissora local um porta-voz do regime militar disse que o país está rompendo o acordo feito com Paris em 2018, mas salientou que isso não significa o fim das relações diplomáticas entre as nações.

Já nesta quinta (25), um porta-voz da chancelaria francesa disse que a pasta chamou o embaixador francês em Burkina, Luc Hallade, baseado na capital Uagadugu desde 2019, para consultas. O objetivo seria acertar as perspectivas de seguir com alguma cooperação bilateral.

Os anúncios vêm na esteira da diminuição da presença francesa na África -em parte pelos fracassos acumulados pelas tropas, para lá enviadas sob a justificativa de ajudar no combate ao terrorismo, em partes pela ampla rejeição de cidadãos de países que formam o Sahel.

Em agosto passado o país de Emmanuel Macron concluiu sua retirada militar do Mali, outra ex-colônia francesa, depois de nove anos de operações. Três meses depois, o presidente francês anunciou o fim da operação Barkhane, esforço do país que enviava tropas ao Sahel.

Na ocasião, disse que militares seguiriam em nações como Burkina, Chade e Níger, mas apenas por meio de acordos que envolvessem também os governos e regimes locais das nações africanas. Além disso, o país tem soldados no Djibouti, no Gabão, na Costa do Marfim e no Senegal. Espera-se que Macron, ainda neste ano, anuncie um novo modelo de presença militar francesa no continente.

Ao longo dos últimos meses, o descontentamento de burquinenses com a presença francesa passou a ser expresso nas ruas, com protestos pedindo o fim da presença militar e, por outro lado, demandando a ajuda da Rússia de Vladimir Putin, que cresce sua influência em África principalmente por meio da empresa privada militar Grupo Wagner.

No início de dezembro, Burkina concedeu a licença de exploração de uma nova mina de ouro à empresa de mineração russa Nordgold. Duas semanas depois, o governo da vizinha Gana acusou o país de pagar com a mina a contratação de mercenários russos membros do Grupo Wagner, que também atuam na Guerra da Ucrânia.

Paris mantém de 200 a 400 forças especiais em Burkina. O país africano enfrenta uma onda de jihadismo que, neste mês, teve nova demonstração após mais de 60 mulheres e bebês serem sequestrados por homens armados enquanto colhiam alimentos -eles já foram liberados após uma operação do regime.

A nação também é marcada por expressiva instabilidade política. Com apoio popular, em partes gerado pela insatisfação com o fracasso em combater a violência, um golpe militar depôs o presidente Roch Kaboré há um ano. Em setembro, o militar que capitaneou o golpe foi deposto em um outro golpe, mergulhando o país em ainda mais instabilidade.


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