SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A tensa reunião entre os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da China no sábado (18), durante a Conferência de Segurança de Munique, não versou apenas sobre a crise dos balões, estopim do mais recente conflito diplomático entre as potências.
Antony Blinken, o secretário de Estado americano, afirmou também ter usado a ocasião para alertar seu homólogo chinês, Wang Yi, de que um eventual apoio do país asiático à Rússia na Guerra da Ucrânia teria "graves consequências" para as relações entre os dois países.
A fala foi repetida pelo chefe da diplomacia americana em uma entrevista à NBC News programada para ir ao ar na manhã deste domingo (19) do horário local, segundo a agência de notícias Reuters. Nela, ele declarou, sem apresentar evidências, que Washington suspeita que Pequim planeja fornecer apoio material a Moscou durante o conflito.
"Há vários tipos de assistência letal que eles estão ao menos contemplando providenciar, incluindo armas", ele afirmou, acrescentando que a Casa Branca deve divulgar mais detalhes em breve.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, os EUA acreditam que o gigante asiático possa já estar passando informações oriundas de espionagem para o Grupo Wagner, empresa militar privada russa descrita por muitos como mercenária e tem atuado junto ao Exército russo no conflito.
Não se sabe qual foi a resposta do chanceler chinês, Wang Yi, à ameaça de Blinken durante a reunião, solicitada pelos próprios americanos. Antes, em um debate na conferência, o diplomata asiático havia defendido a atuação de seu país na Guerra da Ucrânia, afirmando que ele "nem ficou de braços cruzados nem jogou lenha na fogueira".
"Sugiro que todos comecem a pensar calmamente, em especial nossos amigos na Europa, sobre que tipos de esforços podemos fazer para acabar com essa guerra", disse. E acrescentou, sem nomear as partes, que "algumas forças aparentemente não querem que as negociações sejam bem-sucedidas, ou que a guerra acabe logo".
Wang ainda anunciou que a China pretende divulgar uma proposta de paz para o conflito no próximo dia 24, quando a invasão russa completa um ano. Segundo ele, o plano foi apresentado para a Alemanha, a França e a Itália, e reforça a necessidade de manter os princípios de respeito à soberania e à integridade territorial ao mesmo tempo em que faz ponderações sobre o respeito aos interesses legítimos da Rússia acerca da segurança de seu território.
Embora seja um dos maiores aliados de Moscou, com quem assinou um tratado de "amizade sem limites" dias antes da explosão do conflito na Ucrânia, Pequim vem ignorando de pedidos da comunidade internacional para que se posicione de forma mais dura.
O país asiático nunca condenou publicamente Vladimir Putin pela invasão, por exemplo, em vez disso aludindo de maneira mais ampla a uma defesa da paz e à busca de uma solução política para o conflito.
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