SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A presidente de Honduras, Xiomara Castro, afirmou nesta terça-feira (14) que pretende estabelecer "relações oficiais" com a China, e instou o chanceler de seu país a administrar o início da parceria com o gigante asiático, segundo declarou em postagem no Twitter.

Na prática, isso significaria que a nação da América Central deixaria de reconhecer Taiwan como um Estado autônomo, aprofundando o isolamento diplomático da ilha --Pequim a considera uma província rebelde e parte inalienável de seu território, e exige que nações com quem mantém laços diplomáticos rompam com ela como parte de sua política de "uma só China".

Taipé, é claro, reagiu negativamente ao anúncio, e pediu que Tegucigalpa "examine com cuidado" suas ações para "não cair na armadilha chinesa" de "promessas falsas e atraentes". Já o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, saudou a "pertinente declaração da parte hondurenha" em encontro regular de sua pasta com a imprensa.

Os Estados Unidos ainda não se pronunciaram sobre o tema. Especialistas afirmam, porém, que o anúncio deve arranhar as relações de Honduras com a nação ao norte, seu principal parceiro comercial. Apesar de não manter laços oficiais com Taiwan, Washington é o maior aliado estrangeiro da ilha, além de seu principal fornecedor de armas.

Em entrevista à agência de notícias AFP, o analista político Raúl Pineda fez a ressalva de que Xiomara não esclareceu a que tipo de "relações oficiais" com a China ela se referia. Mas caso o âmbito seja o diplomático, como tudo indica, a decisão de seu governo seria "muito infeliz" dadas as tensões atuais entre os EUA e a China.

A disputa entre as duas maiores potências econômicas do globo vêm se intensificando desde o início de fevereiro, quando o Pentágono detectou um suposto balão espião chinês sobrevoando o seu território --o regime chinês afirma que o artefato tinha fins de pesquisa meteorológica.

A aproximação entre Honduras e a China também deixaria Taiwan ainda mais isolada diplomaticamente. Hoje, contando o país, só 14 Estados reconhecem sua independência, a maioria deles na América Latina e no Caribe.


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