SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A seca que atinge a Somália, país do Chifre da África, na última década, levou à morte de cerca de 43 mil pessoas em 2022, mostra um relatório apoiado pela ONU e divulgado nesta segunda-feira (20). Destas, metade -21.800- seriam crianças menores de 5 anos de idade.

Há anos organizações humanitárias alertam para o agravamento da crise climática e social no pequeno país de 17 milhões de habitantes -população similar à do estado do Rio de Janeiro.

O relatório afirma que a situação, somada à instabilidade política, a tensões étnicas e à insegurança, tem escalado a má nutrição na região.

A projeção para os próximos meses segue igualmente preocupante. O relatório estima que, de janeiro até junho, 135 pessoas podem morrer por dia na Somália como consequência da seca, levando ao número acumulado de mais de 34 mil mortes em apenas um semestre.

Para chegar às cifras, o estudo analisou a taxa de mortalidade na Somália de janeiro a dezembro de 2022 --algo em torno de 0,33 por 10 mil pessoas a cada dia. O índice, então, foi comparado ao de anos anteriores, quando a crise do clima ainda não estava neste estágio, e observou-se que há um excesso de mortalidade, associado à seca.

O estudo foi liderado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres sob encomenda da OMS, a Organização Mundial da Saúde, e do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

O material afirma ainda que metade da população local necessita de assistência humanitária, algo que apenas piorou após os impactos da pandemia de coronavírus e a alta no preço dos alimentos a nível global, uma consequência, entre outras coisas, da Guerra da Ucrânia.

E o impacto da seca não está igualmente distribuído pelo território banhado pelo oceano Índico. As maiores taxas de mortalidade estão nas partes centrais e a sul do país, como as regiões de Bakool, Bay e Banadir.

As consequências da emergência climática foram agravadas após cinco temporadas de chuva terem volume de água muito inferior ao esperado, o que devastou terras agrícolas e levou à fome generalizada.

A expectativa da ONU é que, com a divulgação do estudo, um dos primeiros a calcular o impacto direto da seca no número de mortes, mais ajuda humanitária seja enviada pela comunidade internacional.

"A OMS vem afirmando de maneira clara que a seca é uma crise de saúde tanto quanto uma crise alimentar ou climática", disse o representante da organização na Somália, Mamunur Rahman Malik. "Estamos correndo contra o tempo para impedir mortes evitáveis."

Em outro comunicado, o ministro da Saúde somaliano, Ali Haji Adam Abubakar, disse que seu país precisa de mais financiamento para alimentos, água potável e serviços médicos. "Do contrário, os vulneráveis e marginalizados vão pagar o preço com suas vidas."

Enquanto isso, o governo central, liderado pelo presidente Hassan Sheikh Mohamud, eleito em 2022 com promessas de estabilidade no país, luta contra os efeitos da crise do clima e da violência.

Com a ajuda de tropas enviadas pela União Africana e nações como os EUA, Mogadício tem colocado de pé uma ofensiva contra o terrorista Al Shaabab, grupo ligado à Al Qaeda. O avanço das forças do governo, que conseguiram recuperar territórios ocupados, levou o grupo a ampliar ataques em áreas civis nos últimos meses.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!