SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de israelenses foram às ruas de Tel Aviv e outras cidades neste sábado (1º) pela 13ª semana consecutiva para protestar contra o projeto do governo de reforma judicial, apesar da "pausa" no processo legislativo decidida pelo primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.

Segundo estimativas da mídia local, cerca de 150 mil manifestantes participaram dos protestos em todo o país. Em Tel Aviv, a polícia usou canhões d'água para dispersar a multidão.

Desde o anúncio da mudança legislativa no início de janeiro, dezenas de milhares de cidadãos foram às ruas todas as semanas para denunciar o projeto de lei e protestar contra o governo de Netanyahu, um dos mais à direita da história de Israel.

O primeiro-ministro anunciou na segunda-feira (27) uma "pausa" legislativa para dar uma "oportunidade ao diálogo", após a intensificação dos protestos, o início de uma greve geral e o surgimento de tensões em meio à maioria parlamentar em função da destituição do ministro da Defesa, Yoav Galant, que havia sugerido a suspensão temporária da reforma.

Na terça (28), ocorreu uma reunião entre representantes da maioria e dois dos principais partidos da oposição, mas muitos analistas estão céticos quanto às chances de um acordo entre os lados.

"Nós não confiamos em nada que sai da boca de Bibi", disse em Jerusalém o manifestante Emanuel Keller, referindo-se ao apelido do premiê. "Acreditamos que [o adiamento da reforma] é apenas uma manobra política que visa sufocar os protestos".

O governo de Netanyahu defende que a reforma servirá para reequilibrar os poderes ao reduzir as prerrogativas da Suprema Corte, que o Executivo considera politizada, a favor do Parlamento.

Seus detratores acreditam que ela põe em risco os princípios democráticos em vigor em Israel ao dar muito poder à maioria parlamentar, o que beneficiaria diretamente o primeiro-ministro.

O projeto de reforma judicial tem atraído críticas até mesmo de aliados internacionais de Israel. Nesta semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse estar preocupado com a situação. "Eles não podem seguir por esse caminho. Tenho esperança de que o primeiro-ministro vá agir de modo a alcançar um verdadeiro consenso", afirmou.

Em seguida, Netanyahu trocou farpas com Biden. "Israel é um país soberano e toma suas decisões segundo os desejos de sua população e não com base em pressões externas, inclusive quando elas vêm de seus melhores amigos", disse.


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