SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério da Defesa da Rússia disse nesta terça-feira (23) que as supostas forças ucranianas responsáveis por ataques na fronteira entre os dois países já foram expulsas do território russo. Segundo a pasta, mais de 70 agressores foram mortos.

A região, porém, havia amanhecido no seu segundo dia de combates --o maior ataque a Moscou desde o início da guerra, em fevereiro do ano passado. As autoridades russas retiraram civis de nove locais, informou o governador de Belgorod, Viatcheslav Gladkov, citando bombardeios contra vilarejos.

Em mais uma guerra de versões do conflito, a Ucrânia nega publicamente participação no ataque da fronteira, embora algumas de suas declarações pareçam imitar ironicamente comunicados russos sobre a participação nos movimentos separatistas ucranianos.

Kiev "não tem nada a ver com isso", afirmou o conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak pelas redes sociais. "Como sabem, os tanques são vendidos em qualquer loja militar russa e os grupos guerrilheiros clandestinos são compostos por cidadãos russos." A incursão, que começou na segunda-feira (22), deixou pelo menos oito feridos e levou a Rússia a decretar um regime "antiterrorista".

O Kremlin expressou "profunda preocupação" com a incursão do grupo e pediu mais esforços para impedir este tipo de incidente. "Mais uma vez, os combatentes ucranianos continuam com suas atividades contra nosso país", declarou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov. "Isso exige mais esforços da nossa parte. A operação militar especial [na Ucrânia] prossegue para que não volte a acontecer."

O ataque acontece três dias após a suposta captura da cidade de Bakhmut pela Rússia -feito também negado por Kiev, que enfrentou nessa cidade a mais sangrenta batalha terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Durante o fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manifestou apoio ao plano de criar um esforço internacional para treinar pilotos ucranianos em caças avançados, incluindo jatos F-16 -aeronave de combate que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, reivindica de seus aliados ocidentais para combater a Rússia.

Uma das preocupações dos EUA é a de que os caças possam ser usados para atingir alvos em territórios da Rússia e, assim, escalar o conflito. Nesta terça, o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, demonstrou a preocupação da aliança no assunto ao afirmar que "treinar pilotos ucranianos em caças F-16 construídos nos EUA não faz da Otan uma parte no conflito".

O ex-presidente russo Dmitry Medvedev disse na terça-feira que, quanto mais destrutivas forem as armas que a Ucrânia recebe de seus aliados ocidentais, maior o risco de "apocalipse nuclear", informou a agência de notícias estatal RIA. O agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, teria afirmado ainda que a negação de Kiev no envolvimento em uma incursão armada na região de fronteira russa era mentira.


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