SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um barco que transportava cerca de 500 pessoas, incluindo um bebê recém-nascido e mulheres grávidas, desapareceu na parte central do mar Mediterrâneo, disseram duas instituições de apoio ao imigrante nesta sexta-feira (26).
O Alarm Phone, grupo que recebe chamadas de navios de imigrantes em perigo, disse que perdeu contato com o barco na manhã da quarta-feira (24). Naquele dia, a embarcação estava à deriva, a cerca de 400 km da ilha da Sicília, no sul da Itália, porque seu motor não estava funcionando.
Um dia depois, na quinta-feira (25), a ONG italiana Emergency saiu com seus navios de resgate para tentar achar o barco desaparecido, mas não encontrou nenhum sinal da embarcação -nem de naufrágio. A entidade, que segue com suas buscas nesta sexta, afirma que os imigrantes podem ter conseguido um resgate ou consertado o motor.
Também nesta quinta, duas operações da Guarda Costeira italiana resgataram mais de mil imigrantes, mas, segundo a Alarm Phone, as embarcações não correspondiam ao barco desaparecido.
Os governos europeus adotam uma linha cada vez mais dura em relação à migração -incluindo o da Itália, que vê as chegadas por mar aumentarem. Este ano, mais de 47 mil barcos aportaram no país, contra cerca de 18 mil no mesmo período de 2022.
No ano passado, o número de entradas irregulares em países-membros da União Europeia já havia aumentado. Segundo a agência europeia Frontex, o número de entradas irregulares em países-membros da UE em 2022 aumentou 64% em relação ao ano anterior e chegou ao nível mais alto desde 2016, quando a cifra foi pouco superior a 500 mil. De acordo com o órgão, no ano passado foram registradas 330 mil entradas em condições ilegais. Cerca de 10% dessas migrações foram realizadas por mulheres, e 9%, por menores.
A Grécia enfrenta uma situação parecida à da Itália. O país é um dos principais pontos de entrada na União Europeia para refugiados e migrantes de África, Ásia e Oriente Médio. A maioria cruza o mar em barcos infláveis vindos da Turquia para as ilhas gregas periféricas -uma jornada curta, mas perigosa, durante a qual milhares morrem.
Nesta sexta, por exemplo, uma embarcação com 17 pessoas não conseguiu atravessar o mar e naufragou perto da ilha de Mikonos. Pelo menos 12 pessoas estão desaparecidas, disseram as autoridades gregas, que encontraram os corpos de duas mulheres e um homem no Mar Egeu. Dois homens, um sírio e um palestino, foram resgatados.
Segundo uma reportagem do jornal americano The New York Times publicada na semana passada, autoridades gregas abandonaram imigrantes africanos em um bote no mar em abril, o que configura uma deportação extrajudicial que viola leis internacionais e regras da União Europeia.
A ONG alemã SOS Humanity relatou outro incidente do tipo nesta quinta. De acordo com a organização, 27 migrantes foram recolhidos no mar por um navio petroleiro e levados ilegalmente de volta à Líbia. De acordo com o direito humanitário internacional, os migrantes não podem ser devolvidos à força para países onde correm o risco de sofrer maus-tratos graves.
A Performance Shipping DS2.F, empresa grega proprietária do navio supostamente envolvido no incidente, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da agência de notícias Reuters.
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