SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Meio milhão de pessoas protestaram neste domingo (4) nas ruas de Varsóvia, na Polônia, contra o governo nacionalista populista, a poucos meses das eleições legislativas, de acordo com números divulgados pelas autoridades municipais.

"A prefeitura calcula (a participação) em 500 mil neste momento", declarou à AFP Jan Gabriec, porta-voz dos organizadores da grande passeata, que aparenta ser a maior realizada desde a queda do comunismo.

A multidão saiu às ruas de Varsóvia, convocada pela oposição, para a "maior manifestação em 30 anos", segundo os organizadores, que esperavam 300 mil pessoas.

Procedentes de toda a Polônia, os manifestantes, com bandeiras com as cores polonesas e da União Europeia, responderam a convocação do líder do principal partido de oposição centrista (Plataforma Cívica), do ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, para protestar contra "o custo de vida, o golpe e a mentira, e a favor da democracia, eleições livres e da UE".

Algumas pessoas seguravam máscaras do líder do partido no poder, Jaroslaw Kaczynski, com a palavra "vergonha" escrita. Milhares de pessoas também realizaram passeatas em outras cidades e vilas polonesas.

"Participei de muitas passeatas, mas nunca vi um protesto deste tamanho, com tanta energia, sinto que é um avanço como o de 4 de junho de 1989", disse Jacek Gwozdz, 51, especialista em TI, em Varsóvia.

Em um breve discurso, Tusk destacou que a missão da oposição é de "importância comparável" a das dos anos 1980 e à luta contra o comunismo na época.

"A democracia morre em silêncio, mas vocês levantaram a voz pela democracia hoje, o silêncio acabou, vamos gritar", disse em um discurso no final da marcha. "Há meio milhão de pessoas nas ruas de Varsóvia, é um recorde absoluto".

Tusk pediu unidade, apesar das diferenças políticas na oposição, e prometeu vitória nas eleições que serão realizadas em outubro ou novembro.

A manifestação coincidiu com o 34º aniversário das primeiras eleições parcialmente livres na Polônia, que aceleraram a queda do comunismo na Europa.

Em junho de 1989, uma votação parcialmente livre deu a vitória a um governo liderado pelo sindicato Solidariedade e desencadeou uma série de eventos que culminaram na queda do Muro de Berlim, em novembro.

ELEIÇÃO

Pesquisas de opinião mostram que a eleição prevista para depois do verão europeu será acirrada, com a guerra da Rússia na vizinha Ucrânia dando um impulso ao governo Lei e Justiça (PiS), que emergiu como uma voz importante contra o Kremlin na Europa.

A oposição tem lutado para conseguir apoio, apesar das críticas generalizadas em casa e no exterior ao PiS, acusado de corroer o estado de direito, transformando a mídia estatal em porta-voz do governo e endossando a homofobia.

O governo do primeiro-ministro Mateusz Morawiecki nega subverter quaisquer normas democráticas e diz que seu objetivo é proteger os valores cristãos tradicionais contra as pressões liberais do Ocidente e tornar a economia mais justa.


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