SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Exército israelense anunciou neste sábado (4) que bombardeou duas células terroristas e um posto de observação do Hezbollah em resposta a tentativas de disparos do grupo em direção ao território de Israel.

As forças também indicaram que responderam a disparos de morteiro em direção ao norte de Israel, esclarecendo que não houve feridos. As escaramuças ocorreram um dia após o líder do Hezbollah, Hassan Nasralla, fazer ameaças a Israel em seu primeiro pronunciamento desde o começo da guerra.

Desde o início da guerra contra o grupo islâmico palestino Hamas, em 7 de outubro, a fronteira entre Líbano e Israel tem sido palco de frequentes trocas de tiros entre o Exército israelense, de um lado, e o poderoso movimento libanês Hezbollah e seus aliados, que apoiam o Hamas, de outro.

O aumento das tensões na fronteira causa temores de que a guerra se estenda a nível regional.

Em seu primeiro discurso desde o início do conflito, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, advertiu Israel de que seria uma "estupidez" atacar o Líbano e acrescentou que deter a agressão contra Gaza evitaria um conflito regional.

O conflito iniciado depois de um ataque de integrantes do grupo terrorista Hamas a Israel, que deixou centenas de mortos, fez milhares de vítimas até agora. São mais de 1.400 mortos em Israel e quase dez mil na Faixa de Gaza --deste total, cerca de 4.000 são crianças.

Diante deste cenário, a ONU alertou neste sábado para o "forte aumento do ódio" no mundo desde o começo da guerra. "O impacto desta crise chocou todas as regiões, desumanizando tanto os palestinos como os judeus", disse o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.

"Estamos vendo um aumento acentuado do discurso de ódio, da violência e da discriminação, aprofundando as fraturas sociais e a polarização."

As Nações Unidas também condenaram neste sábado o ataque de Israel contra uma ambulância fora do hospital Al Shifa, em Gaza, que deixou 15 mortos e 60 feridos, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.

"Estou horrorizado com o ataque. As imagens dos corpos espalhados na rua fora do hospital são angustiantes", disse António Guterres, secretário-geral da ONU.

O chefe da ONU insistiu que "não esquece os ataques terroristas cometidos em Israel pelo Hamas", mas acrescentou que "por quase um mês, os civis de Gaza, incluindo crianças e mulheres, têm sido sitiados, privados de ajuda, mortos e expulsos de suas casas com bombardeios".

"Isso deve parar", continuou.

Já o diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, afirmou na rede social X estar "totalmente chocado com os relatos de ataques a ambulâncias", enquanto o ministro do Exterior da Jordânia disse que Israel está cometendo crimes de guerra e que não deveria estar acima da lei.

De acordo com o Exército israelense, a ambulância atacada era usada por uma célula terrorista do Hamas.

Além do veículo, Israel realizou neste sábado ataques aéreos contra uma escola administrada pela ONU que abrigava pessoas deslocadas no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza. O saldo foi de 15 mortos e 54 feridos, segundo Mohammad Abu Selmeyah, chefe do hospital Al Shifa.

Com a escalada do conflito, a Turquia, país estratégico no Oriente Médio, convocou seu embaixador em Israel, Sakir Ozkan Torunlar, para consultas devido à crise humanitária.

No dia anterior, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que Gaza deve fazer parte de um Estado palestino independente e soberano assim que a guerra terminar, e que Ancara não apoiará quaisquer planos para "apagar gradualmente os palestinos" da história.

A Turquia intensificou as suas críticas a Israel à medida que a crise humanitária em Gaza se intensificou, apoia uma solução de dois Estados e acolhe membros do Hamas, que não vê como uma organização terrorista, ao contrário dos EUA, do Reino Unido e de outros países ocidentais.

Falando a jornalistas na sexta (3), Erdogan repetiu as suas críticas às nações ocidentais pelo seu apoio a Israel, dizendo que a confiança de Ancara na União Europeia estava "profundamente abalada".

Em sua segunda visita a nações árabes depois do início da guerra, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, foi pressionado por um cessar-fogo em Gaza em uma reunião com oficiais de vários países na Jordânia neste sábado.

Contudo, os Estados Unidos acreditam que um cessar-fogo em Gaza deixaria o Hamas no lugar e permitiria que ele se reagrupasse e realizasse ataques semelhantes ao de 7 de outubro, disse Blinken.

Numa entrevista coletiva em Amã, ao lado dos seus homólogos egípcio e jordaniano, o principal diplomata dos EUA afirmou ainda que tanto Washington quanto os estados árabes acreditam que o status quo de uma Gaza controlada pelo Hamas não pode continuar e disse ter discutido com oficiais árabes como traçar um caminho em direção a uma solução de dois estados.

Blinken acrescentou que Washington também está preocupada com a violência por parte de colonos extremistas na Cisjordânia.


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