SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um comboio de tanques e outros veículos blindados de Israel deixou a Faixa de Gaza e atravessou a fronteira israelense nesta sexta-feira (24), horas após a entrada em vigor do acordo que estabelece o primeiro cessar-fogo na guerra com o Hamas, segundo relatos da agência de notícias Reuters.

A trégua de quatro dias começou às 7h no horário local (2h em Brasília) desta sexta. O tratado ainda prevê a libertação de 50 reféns mantidos pela facção terrorista em Gaza --os primeiros 13 devem ser soltos às 16 horas locais (11h em Brasília)--, além da soltura de 150 prisioneiros palestinos em território israelense. Tratam-se dos primeiros sinais de distensão após semanas de guerra, iniciada em 7 de outubro.

O acordo foi mediado pelo Qatar e anunciado na quarta-feira (22). A depender de avanço nas negociações e do cumprimento do tratado, a trégua poderá ser prorrogada, e mais reféns poderão ser soltos.

Até a manhã desta sexta não haviam sido relatados bombardeios ou ataques com foguetes significativos, embora o Hamas e os militares de Israel tenham acusado "violações esporádicas". Em cidades ao sul de Gaza, que abriga milhares de famílias deslocadas da região norte, as ruas foram tomadas por civis.

No céu, aviões israelenses haviam cessado os bombardeios, mas lançaram panfletos com mensagens de advertência. "A guerra não acabou. [...] Retornar ao norte é proibido e é muito perigoso", diz o material.

Ainda no começo da guerra, antes de iniciar uma operação terrestre, Israel fez um ultimato para que todos os palestinos vivendo na região norte de Gaza se deslocassem para o sul --cerca de 1,1 milhão de pessoas moravam na área indicada.

Já em Israel, quinze minutos após o início da trégua, as sirenes de alerta antiaéreo foram ativadas em várias localidades próximas à fronteira com Gaza. No balneário de Eilat, os militares alertaram para um possível ataque de longo alcance vindo do Iêmen, onde rebeldes houthis declararam apoio ao Hamas.

Lideranças do Hamas reforçaram nesta sexta "uma paralisação total das atividades militares" por quatro dias, durante a qual 50 reféns serão liberados. Para cada um deles, "três presos palestinos" serão soltos, disseram. Israel divulgou uma lista com nomes de 300 palestinos (33 mulheres e 267 menores de 19 anos) considerados aptos a serem libertados. Entre eles, há 49 integrantes da facção terrorista.

Toda a operação será monitorada de Doha, capital do Qatar. O país foi o principal articulador do acordo, que contou ainda com as participações dos Estados Unidos e do Egito, e mantém linhas diretas de comunicação com Israel, lideranças políticas do Hamas e a Cruz Vermelha.

Na manhã desta sexta, uma autoridade do Egito disse à agência AFP que delegações do país iriam a Jerusalém, em Israel, e Ramallah, na Cisjordânia, para garantir o "respeito à lista" de presos palestinos liberados. Ao mesmo tempo, funcionários de segurança israelenses, acompanhados de equipes do Crescente Vermelho, foram mobilizados do lado egípcio da passagem de Rafah para receber os reféns liberados em Gaza.

Também à AFP uma autoridade do Hamas disse que a entrega dos reféns será feita "secretamente, longe da imprensa".


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