SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na mesma região onde teve início o ataque do Hamas a Israel no 7 de Outubro, o kibbutz Re'im, onde ocorria um festival de música eletrônica no qual mais de 250 participantes foram mortos, teve início nesta quarta-feira (28) uma marcha pelos reféns que seguem em Gaza.
Organizado pelo Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, o movimento pretende caminhar por 4 dias seguidos. Saindo de Re'im, uma das aldeias vizinhas a Gaza, passara por Sderot, Kiryat Gat, Beit Govrin, Beit Shemesh e, finalmente, terminará em Jerusalém.
Haim Rubinstein, porta-voz do grupo, disse que Re'im era o ponto inicial para "lembrar os jovens que queriam festejar e amar e se encontraram em um pesadelo que ninguém poderia imaginar", segundo relatos do jornal Times of Israel.
Brasileiros também foram mortos naquela festa, como o gaúcho Ranani Glazer ou a carioca Bruna Valeanu, cujo enterro em Israel reuniu milhares de pessoas.
Da marcha também participam ex-reféns, como Sharon Alony Cunio, que foi libertada com as filhas gêmeas de 3 anos em novembro, durante o cessar-fogo estabelecido entre Israel e Hamas. Seu marido, David, segue sequestrado na Faixa de Gaza.
Acredita-se que cerca de cem reféns ainda estejam sob controle do Hamas e possam estar vivos. Nos acordos do final de 2023, foram libertadas mulheres e crianças, mas homens e soldados ficaram de fora. Em tratativas paralelas, alguns cidadãos russos e outros tailandeses que haviam sido capturados também foram soltos.
Um dos prováveis reféns é o brasileiro-israelense Michel Nisenbaum, natural de NIterói. Quando, no início do mês, o Exército de Israel comunicou a cerca de 30 famílias de reféns que seus entes haviam morrido em Gaza, os familiares de Michel não foram procurados, o que os mantém com a esperança de que ele esteja vivo.
O "timing" para a marcha dos familiares não é ao acaso. Nesta semana desenrolam-se no Qatar negociações entre Israel e o Hamas para uma nova trégua que permita a libertação de mais reféns em troca de prisioneiros palestinos acusados de terrorismo por Tel Aviv.
Há muitas dúvidas sobre qual será a posição da facção terrorista em relação ao documento da trégua, que foi elaborado por Israel, Estados Unidos, Qatar e Egito em Paris ao longo da semana passada.
Na noite desta terça-feira (27), diferentes relatos na mídia israelense conflitaram sobre a perspectiva para o documento. A emissora pública Kan, citando um alto funcionário israelense, falou em "otimismo, ainda que muito cautelo" sobre as tratativas.
Mas pouco depois a Rádio do Exército, ou Galatz, como é comumente conhecida no país, afirmou que representantes do Hamas teriam chamado o texto proposto de "um documento sionista" e reclamado que o esboço não incluia a demanda pelo fim definitivo dos ataques a Gaza, tampouco a permissão para que os civis retornem à porção norte do território palestino ocupado.
Segundo levantamento da facção atualizado nesta quarta, desde outubro teriam morrido 29,9 mil pessoas em Gaza e outras 70,3 mil teriam ficado feridas. Acredita-se que a cifra englobe civis e membros do Hamas.
No final desta terça-feira, os EUA também anunciaram um pacote adicional de ajuda a programas humanitários que prestam assistência em Gaza, em especial o Programa Mundial de Alimentos da ONU, o PMA.
A ajuda no valor de US$ 53 milhões (R$ 261 mi) eleva a ajuda total dos EUA entregue a Gaza durante o atual conflito a US$ 180 milhões (R$ 888 mi), de acordo com a Casa Branca. Ainda assim, o governo americano é alvo de críticas internas por seguir apoiando as ações militares do governo do premiê Binyamin Netanyahu contra Gaza.
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