SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após duras críticas proferidas pelo presidente Lula (PT) ao governo de Israel, desta vez também seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), criticou a conduta do país na guerra que se desenrola em Gaza.
"Fiquei absolutamente chocado com a notícia do ataque contra civis palestinos na Faixa de Gaza, perpetrado por forças militares israelenses, que vitimou dezenas de pessoas e feriu outras centenas", escreveu Alckmin no X na noite desta sexta-feira (1º).
O vice-presidente se referia ao episódio da última quinta-feira (29) no qual o Hamas acusou Israel de matar mais de 110 civis que aguardavam para receber ajuda humanitária no norte de Gaza ao lado de um comboio de caminhões com suprimentos.
Em resposta, o governo de Binyamin Netanyahu disse que os tiros de seus soldados teriam matado cerca de dez pessoas e que as demais possíveis mortes do incidente foram causadas por atropelamentos e pisoteamentos devido a uma confusão que, para Tel Aviv, foi iniciada pelos próprios palestinos, que saquearam os veículos.
"Obstar o acesso de indivíduos à ajuda humanitária é inconcebível sob qualquer perspectiva, e abrir fogo contra civis viola os preceitos mais básicos de humanidade", seguiu Geraldo Alckmin.
Ele também saiu em defesa de Lula, que vem sendo criticado pela diplomacia de Israel com frequência. "Lutar pela paz, como defende o presidente Lula, não é mais uma opção, mas um imperativo ético que deve orientar todos os esforços da comunidade internacional neste momento", escreveu no X.
As mensagens de Alckmin foram publicadas no mesmo dia em que, durante evento que reuniu nações latino-americanas e caribenhas em São Vicente e Granadinas, Lula chamou a operação militar israelense em Gaza de uma "carnificina" e uma "matança".
Ainda antes, o Itamaraty já havia publicado seu comunicado mais duro sobre o tema até o momento. A pasta disse que o governo de Israel "não tem qualquer limite ético ou legal" em suas ações em Gaza e mencionou nominalmente o primeiro-ministro Netanyahu em mais de um trecho para criticá-lo.
As relações Brasil-Israel foram fragmentadas após Lula comparar as ações de Tel Aviv em Gaza às do Holocausto nazista. Na sequência, o petista chegou a ser declarado "persona non grata" por Israel, cuja diplomacia tem cobrado um pedido de desculpas do brasileiro.
Lula recebeu apoio de alguns outros líderes da América Latina, como o boliviano Luis Arce e o colombiano Gustavo Petro. Este último, aliás, fez coro às declarações do brasileiro.
Na última quinta-feira, também no X, Petro disse que as mortes de civis que aguardavam ajuda humanitária em Gaza são consequência de assassinatos cometidos por Netanyahu. "Isso se chama genocídio e lembra o Holocausto, ainda que algumas potências mundiais não queiram reconhecer", escreveu ele.
"O mundo deve 'bloquear' Netanyahu", seguiu, acrescentando que o Estado colombiano estava suspendendo a compra de armas de Israel.
De acordo com novo levantamento publicado neste sábado pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 30,3 mil pessoas morreram na região desde 7 de outubro e outras 71,5 mil ficaram feridas. Acredita-se que a cifra englobe tanto civis quanto membros da facção terrorista, que se refere a todos como mártires.
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