BRASÍLIA, DF, E BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou de tom e criticou pela primeira vez, nesta terça-feira (26), o bloqueio à candidatura de Corina Yoris, nome escolhido pela principal força de oposição contra o chavismo nas eleições de julho na Venezuela.
Em nota, o Itamaraty disse que "acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral" no país, marcando uma inflexão na postura até então adotada por Lula em relação ao regime do ditador Nicolás Maduro, de preservar o aliado sul-americano.
Ao menos outros setes países da América Latina já haviam expressado "grave preocupação" com o impedimento da candidatura nesta segunda (25), em um comunicado conjunto de Argentina, Uruguai, Peru, Paraguai, Costa Rica, Equador e Guatemala. O Brasil decidiu aguardar o prazo eleitoral se encerrar.
A coalizão Plataforma Unitária desejava registrar como candidata a professora universitária Corina Yoris. Ela foi indicada como substituta de María Corina Machado, inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos, apesar de ter vencido com folga as primárias da oposição no ano passado e ser favorita nas pesquisas.
Mas a coalizão denunciou nesta segunda que foi impedida de incluir Yoris na disputa. "Fizemos todas as tentativas de inserir os dados e o sistema está completamente fechado para poder entrar digitalmente", afirmou ela em entrevista coletiva a horas do fim do prazo para as inscrições.
O ministério das Relações Exteriores afirmou que a candidata, "sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial."
Os acordos foram entendimentos entre o regime Maduro e a oposição que permitiram a convocação das eleições deste ano. No entanto, houve recrudescimento da perseguição a opositores de Maduro nos últimos meses, incluindo a inabilitação de Machado e a prisão de diversos opositores.
"O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil", prossegue a nota.
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