SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A prisão de Halden, no sudeste da Noruega, ficou conhecida internacionalmente por seu modelo de encarceramento focado na reabilitação, com instalações modernas e celas individuais confortáveis. O complexo, inaugurado em 2010, costuma ser citado como a prisão "mais humana do mundo".

COMO É A PRISÃO DE HALDEN?

O foco é a reabilitação. Halden foi projetada para priorizar a recuperação social dos detentos, com programas que valorizam educação, criatividade e convivência. O sistema norueguês defende que a função principal do cárcere é reintegrar, não punir.

As celas são individuais e completas. Nada de superlotação: cada preso ocupa um quarto privado com cama, escrivaninha, geladeira, TV e banheiro próprio. As janelas não têm grades e oferecem vista para a natureza ao redor, reforçando a sensação de normalidade e iluminação natural.

Os espaços seguem o design escandinavo. Corredores amplos, áreas comuns bem iluminadas e sinalização estratégica permitem circulação livre entre as celas, o ginásio, a biblioteca e as cozinhas compartilhadas. Cada grupo de detentos divide uma área comum onde pode preparar refeições.

A estrutura aposta em atividades diárias. Durante o dia, presos podem participar de aulas de culinária, literatura, música ou treinamentos esportivos. O complexo inclui uma pista ao ar livre, quadras, um ginásio completo e até uma parede de escalada.

A música tem espaço próprio. Um estúdio profissional permite que detentos aprendam instrumentos, gravem músicas e participem de workshops criativos. A proposta é incentivar autoestima e habilidades úteis após o cumprimento da pena.

O projeto arquitetônico foi premiado. Desenvolvido pelo escritório Erik Møller Architects, o prédio privilegia luz natural e integração com o terreno elevado. As 252 celas foram mobiliadas com peças desenhadas especialmente para combinar conforto e funcionalidade.

O ambiente não ignora crimes graves. Apesar da atmosfera acolhedora, Halden abriga condenados por homicídio, tráfico e violência sexual. Ainda assim, a prisão raramente chega ao limite de sua capacidade e mantém uma proporção alta de funcionários por detento - cerca de 350 servidores para um máximo de 250 presos.

A fama de "hotel" divide opiniões. Comparações com hospedagens de luxo são comuns, mas desagradáveis para muitos detentos. Assim como ocorre nas Apacs brasileiras, apenas quem já passou por prisões mais rígidas costuma enxergar Halden como um privilégio.