SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As mortes em decorrência de inundações em vários países do Sudeste Asiático ultrapassam as 1.790 neste sábado (6). As zonas críticas do desastre ambiental são cidades da Indonésia e do Sri Lanka, onde há preocupações sobre o abastecimento de comida e água potável para a população.

Nas últimas semanas, chuvas torrenciais e inundações catastróficas atingiram o Sri Lanka, o sul da Tailândia, o norte da Malásia e regiões da Indonésia. Na ilha de Sumatra, que integra o território indonésio, são 908 mortes --mais de 400 pessoas estão desaparecidas no destino turístico, segundo a agência de gestão de catástrofes do país.

As autoridades tentam evitar que o desabastecimento e a fome façam mais vítimas na ilha. Há aldeias e áreas de acesso remoto na região, onde é mais difícil levar apoio. "Há áreas que continuam inacessíveis nas regiões remotas de Aceh", alertou Muzakir Manaf, governador da província "completamente destruída, de norte a sul, desde as estradas até o mar".

"Muitas pessoas precisam de produtos de primeira necessidade", afirmou à imprensa, alertando que "as pessoas não morrem pelas inundações, mas pela fome".

Os serviços meteorológicos da Indonésia apontam novas chuvas no sábado em Aceh e Sumatra, onde residências foram destruídas pela água e por deslizamentos.

Fachrul Rozi, vítima das inundações em Aceh, contou que passou a última semana amontoado em uma velha tenda junto com outras pessoas que fugiram das águas. "Comíamos o que encontrávamos, ajudando-nos uns aos outros com as escassas provisões que cada um havia trazido. Dormíamos amontoados uns sobre os outros", disse à AFP.

Munawar Liza Zainal, outro morador de Aceh, disse se sentir traído pelo governo indonésio, que até agora não declarou o estado de catástrofe nacional, apesar das pressões da população. "É uma catástrofe extraordinária que deve ser tratada com medidas extraordinárias", defendeu.

Newsletter Lá Fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo *** O Sri Lanka, também devastado pelas tempestades, pediu auxílio internacional nesta semana e confirmou um saldo de 607 mortos e 214 desaparecidos na ilha, localizada ao sul da Índia.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) examina o pedido do Sri Lanka, que atravessa uma grave crise econômica, para obter US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) adicionais aos US$ 347 milhões (R$ 1,9 bilhão) que receberá neste mês.

O presidente sri-lankês, Anura Kumara Dissanayake, descreveu a emergência como a catástrofe natural mais grave que o país já sofreu. Mais de dois milhões de pessoas --quase 10% da população-- foram afetadas pelas inundações e deslizamentos de terra.

O Ministério das Finanças do país anunciou na sexta-feira (5) que distribuirá um auxílio para os sobreviventes de até dez milhões de rúpias (cerca de R$ 173 mil) para compra de terrenos em locais seguros e reconstrução das casas. O governo também pretende indenizar com um milhão de rúpias (R$ 17 mil) os familiares dee mortos e pessoas permanentemente debilitadas como consequência do desastre.

As chuvas torrenciais acontecem em uma época menos comum do que o esperado para o Sudeste Asiático. A época de monções, quando os eventos climáticos são esperados, vai de maio a outubro. Neste ano, a temporada prolonga-se até o final do ano e converge com intensa atividade ciclônica. O fenômeno é parte do agravamento da crise climática, que altera a sazonalidade dos acontecimentos naturais.