BRASÍLIA, DF (FOLHARPESS) - O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo (7) que a segunda fase do plano de paz para a Faixa de Gaza se aproxima, a despeito de divergências persistentes sobre elementos fundamentais para a continuidade da trégua, como a estrutura de governo e segurança do território e a deposição de armas pelo Hamas.
Durante entrevista coletiva com o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, em visita a Jerusalém, o premiê israelense afirmou ainda que se reunirá com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda neste mês para discutir os próximos passos do acordo.
Netanyahu também passa por momento de grande pressão política interna. Com o avanço esperado do fim do conflito em Gaza, as atenções se voltam novamente para acusações de corrupção de que ele alvo --o premiê pediu ao presidente do país, Isaac Herzog, que recebesse indulto.
Na entrevista coletiva, Netanyahu afirmou que não se aposentaria da vida pública em troca do perdão, possibilidade aventada por opositores durante a semana. "Eles estão muito preocupados com meu futuro, assim como os eleitores, e eles vão decidir", disse a Merz durante a entrevista.
Negociações sobre as próximas etapas do plano de Trump para encerrar a guerra de dois anos no território palestino continuam em andamento, mas sob pressão de países árabes e muçulmanos com relação às etapas que se seguem à devolução de todos os corpos dos reféns israelenses ainda em Gaza, principal ponto da primeira fase para Israel --apenas os restos mortais de Ran Gvili continuam no território.
Neste sábado (6), o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, descreveu o momento das negociações como crítico e rejeitou chamar o status atual do acordo como um cessar-fogo.
"O que nós fizemos foi apenas uma pausa. Não podemos considerar um cessar-fogo ainda. Um cessar-fogo não pode ser completo a não ser que ocorra uma retirada completa das forças de Israel, que a estabilidade volte a Gaza e que as pessoas possam entrar e sair, o que não é o caso hoje", disse.
A mensagem foi ecoada pelo chanceler da Turquia, Hakan Fidan. À agência Reuters, o chanceler afirmou esperar o desarmamento do Hamas na fase inicial do plano não é "nem factível nem realista", e que um caminho para isso seria estebelecer, antes de a facção depor as armas, um governo civil e uma polícia palestina treinada por forças internacionais e sem a participação do Hamas.
Fidan disse ainda que, se tentativas de avanço do plano não funcionarem, os esforços seriam vistos como um "imenso fracasso" do mundo e de Washington.
Autoridades americanas afirmam que o governo Trump quer anunciar os participantes e mecanismos dos próximos passos da segunda fase do plano de paz, em marcha desde outubro, nas próximas semanas. Pessoas da gestão ouvidas pela imprensa israelense, no entanto, admitem que definições podem ficar apenas para 2026.
A violência diminuiu no território palestino desde o início da trégua, no dia 10 de outubro, mas não cessou por completo. Episódios seguidos de mortes de palestinos e de ataques a tropas israelenses que recuaram à chamada linha amarela, ainda dentro de Gaza, persistem desde então.
O plano de paz proposto por Trump em parceria com aliados muçulmanos cita brevemente a estabilização de Gaza como parte de um movimento para criar um caminho crível para o estabelecimento de um Estado palestino --ponto que desagradou o governo de Israel.
A medida prevista no plano, no entanto, dependeria de uma reforma da Autoridade Palestina, que governa parcialmente a Cisjordânia, e um período de transição em Gaza. Além disso, a proposta não delimita exatamente em que condições esse caminho crível seria compreendido como tal.
Durante a entrevista coletiva, Netanyahu voltou a reforçar que a anexação da Cisjordânia por Israel ainda é uma medida em discussão. Embora o Parlamento israelense esteja debatendo a questão, mesmo importantes aliados de Tel Aviv, como os EUA e a União Europeia rejeitam qualquer anexação, parcial ou completa do território ocupado.
Neste domingo, soldados israelenses mataram um homem de 55 anos e um adolescente palestinos em Hebron, na Cisjordânia. Segundo o Exército israelense, o homem conduzia um carro que acelerou em direção ao soldados. O adolescente, segundo fonte que pediu anonimato afirmou à Reuters, estava próximo ao local e foi atingido --inicialmente, o Exército havia dito que dois terroristas tinham sido mortos.