PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - A China reafirmou seu posicionamento a respeito de Taiwan e instou os Estados Unidos a se manterem fora do assunto dias após a divulgação do documento de segurança nacional americano, no qual o governo Trump afirma que reagirá a tentativas de tomada da ilha por Pequim.

"A questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China e é a primeira linha vermelha que não deve ser cruzada nas relações China?EUA. Resolver a questão de Taiwan é um assunto do povo chinês, e apenas do povo chinês, que não admite interferência externa", declarou o porta-voz do regime chinês, Guo Jiakun, em entrevista coletiva em Pequim nesta segunda-feira (8).

Jiakun afirmou ainda que os EUA devem "parar de instigar e apoiar as forças separatistas que buscam a ?independência de Taiwan? e de incentivar a resistência à reunificação por meio de fortalecimento militar".

Pequim sustenta que Taiwan, formalmente chamada de República da Chinam é parte inalienável de seu território e, por isso, não descarta o uso da força para alcançar a reunificação.

As declarações ocorrem após o governo Trump publicar o documento que estabelece as estratégias de segurança do país e, nele, afirmar que manter a estabilidade do Estreito de Taiwan é uma das prioridades.

Washington reafirmou que não apoia mudanças unilaterais no status de Taiwan. Embora o país não reconheça formalmente a independência da ilha, é um de seus principais parceiros de segurança em caso de incursão chinesa.

A legislação americana determina que o país mantenha capacidade militar suficiente para resistir a uma agressão e que apoie a autodefesa de Taiwan.

A ilha é considerada estratégica pelos EUA devido à sua força na fabricação de semicondutores e, sobretudo, por sua posição em uma das principais rotas marítimas da região.

Uma eventual tomada de Taiwan pela China alteraria o atual entendimento de que o Estreito de Taiwan é uma via de navegação internacional e ampliaria significativamente o controle de Pequim sobre o Mar do Sul da China.

O documento americano também alerta para a possibilidade de a China passar a controlar integralmente essa região, o que prejudicaria a economia dos EUA. Estima-se que um terço do comércio marítimo mundial transite por essas águas.

"Devem ser desenvolvidas medidas fortes, juntamente com a dissuasão necessária, para manter essas rotas abertas, livres de ?pedágios? e não sujeitas ao fechamento arbitrário por um único país", afirma o texto.

O relatório também insta aliados como Japão e Coreia do Sul a aumentarem os gastos militares para adquirir capacidades necessárias à dissuasão e à resposta a eventuais crises na região.

"Isso exigirá não apenas mais investimentos militares ?especialmente navais? mas também forte cooperação internacional, desde a Índia até o Japão e além, com todas as nações que sofreriam caso esse problema não fosse enfrentado."

A publicação ocorre em um momento em que Pequim tem elevado o tom em relação a declarações consideradas de apoio à independência de Taiwan. O caso mais recente envolve Tóquio, após a primeira-ministra, Sanae Takaichi. afirmar que o país poderia responder militarmente a uma incursão chinesa contra a ilha, apoiando os EUA na tentativa de quebrar um eventual cerco.

A premiê é defensora do aumento dos gastos em defesa e da revisão da interpretação do Artigo 9º da Constituição japonesa, que proíbe o país de manter Forças Armadas ofensivas e de declarar guerra.