SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um juiz federal dos Estados Unidos autorizou nesta terça (8) a divulgação de documentos relacionados à Ghislaine Maxwell, ex-namorada do abusador Jeffrey Epstein e atualmente presa por tráfico sexual.

A decisão atende a solicitação do Departamento de Justiça e foi fundamentada em uma nova legislação aprovada pelo Congresso no mês passado, chamada de Lei de Transparência dos Arquivos Epstein.

Em ordem escrita, o juiz Paul Engelmayer afirmou que a liberação dos arquivos é permitida pela nova lei, mas determinou mecanismos para evitar que a divulgação exponha vítimas ou viole a privacidade delas. Segundo ele, haverá filtros para impedir a divulgação de materiais que permitam a identificação de pessoas abusadas por Epstein. Os documentos terão de ser divulgados em até dez dias.

A determinação ocorreu poucos dias depois de outro juiz, na Flórida, ter autorizado, em processo separado, a liberação de documentos relacionados a Epstein, ampliando o movimento de divulgação de informações sobre os casos envolvendo o abusador, morto em 2019, e sua rede de colaboradores.

O texto aprovado pelo Congresso, de maioria republicana, obriga a secretária de Justiça americana, Pam Bondi, a tornar públicos arquivos não sigilosos relacionados às investigações de Epstein e Maxwell. A iniciativa recebeu apoio bipartidário, apesar da resistência inicial do presidente Donald Trump.

Segundo dois assessores legislativos, Trump tentou convencer parlamentares republicanos a derrubar o projeto, argumentando que a divulgação dos registros internos relacionados às investigações poderia criar um precedente prejudicial à instituição da Presidência. Ele, porém, recuou depois que ficou claro que o Congresso aprovaria a medida com ou sem seu apoio.

Epstein é acusado de comandar uma rede de tráfico sexual. Condenado em 2008, ele foi solto no ano seguinte e continuou a cometer crimes sexuais e a traficar menores de idade para suas propriedades, nas quais as vítimas eram estupradas, segundo procuradores. O abusador voltou a ser preso e morreu na cadeia em 2019, antes de ser julgado. Segundo as autoridades, cometeu suicídio.

Epstein e Trump foram amigos até os anos 2000, quando se afastaram depois de uma disputa por uma propriedade na Flórida. Em mensagens divulgadas pelo Partido Democrata, o abusador escreveu que o atual presidente passou "horas em sua casa" com uma das vítimas e que o republicano "sabia sobre as meninas" envolvidas em seu suposto esquema de tráfico sexual, sem esclarecer o que quis dizer exatamente com a frase.

Ex-namorada de Epstein, Maxwell cumpre pena de 20 anos por ter sido considerada culpada, em 2021, de ajudar o magnata a abusar sexualmente de adolescentes. Promotores federais afirmaram que ela era responsável por recrutar e preparar meninas para encontros sexuais de 1994 a 2004.

Os advogados argumentam que a condenação de Maxwell é inválida porque um acordo firmado em 2007 entre Epstein e promotores federais na Flórida também protegeria seus associados, o que deveria ter impedido a abertura do processo contra ela em Nova York.